tag:blogger.com,1999:blog-342456112024-03-05T14:03:55.413-02:00Câmera CrônicaNo espaço entre a letra e a imagem.Fábio Lucashttp://www.blogger.com/profile/12222883195666200654noreply@blogger.comBlogger139125tag:blogger.com,1999:blog-34245611.post-87703162892104323722015-05-24T19:48:00.000-02:002015-05-24T19:48:06.881-02:00O homem que viveu<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFtkU-CvvG7Bcm1TMORJHvWn9JMEUM8lgPQrqMw4I_y_ml7oZZ9uxV7FQjDz1oAMyWGQqW3_vg0rp1HwECU7lvFD7rQVeblrWbAt7O8Bzdr8QtY_i9WNN44B1GS97cSIfUORg0/s1600/UltimasConversas_Blog3.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFtkU-CvvG7Bcm1TMORJHvWn9JMEUM8lgPQrqMw4I_y_ml7oZZ9uxV7FQjDz1oAMyWGQqW3_vg0rp1HwECU7lvFD7rQVeblrWbAt7O8Bzdr8QtY_i9WNN44B1GS97cSIfUORg0/s320/UltimasConversas_Blog3.png" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt;">Poucos
loucos na primeira sessão de um domingo à tarde foram ver o filme de despedida
de Eduardo Coutinho, em cartaz no Cinema da Fundação há algumas semanas.
Despedida sem assinatura: o documentarista morreu antes de concluir a obra,
batizada, em sua homenagem, de “Últimas conversas”. Finalizado por João Moreira
Sales, o documentário sobre estudantes do ensino médio de escola pública no Rio
de Janeiro, no entanto, dá a impressão de ser mesmo o último olhar de Coutinho:
pela presença, pela voz inconfundível e os comentários secos e precisos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt;">Logo
de cara, para os fãs, a saudade enche a tela: sabemos que o diretor que se
mostra ali, pleno de vida, saiu de cena. Talvez fosse outra a leitura, se
Coutinho não estivesse morto? Também seria outro filme. Mas de todas as possibilidades,
foi essa que entrou no script. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt;">Se
a infância é o reino encantado dos traumas, a adolescência é o pesadelo do
desencanto que é o encontro com o mundo. Coutinho estava insatisfeito. O que
pode contar um jovem com menos de 20 anos? Ele não tem memória, porque mal
viveu, e sem passado... vai falar o que? E como são tristes os jovens! A
melancolia adolescente é melancólica pra quem viveu um pouco mais. Difícil, às
vezes, é sair dela. Quantos adultos de 30, 40 ou 50 não se comportam como se
ainda morassem no tempo do desengano, em eterno lamento?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt;">E
o que se toma eterno, sim, além do tédio, pode provocar um curto-circuito
mental. Como a eternidade adolescente é uma tarde sem ter o que fazer, os curtos-circuitos
não param de aparecer. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxin9QID0u8I7mmxUZzIr54RC_5J4f4pisRZcIdGJF3jPVBHb61fs97r_roJmOEN1TU48Vw_TVpKkcz_7WwDWUwqYAZZyD0zTdavtU1m7Dd0OGEaaYxj4qxnMRw7_3YYoSIMW3/s1600/ultimas_conversas_2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxin9QID0u8I7mmxUZzIr54RC_5J4f4pisRZcIdGJF3jPVBHb61fs97r_roJmOEN1TU48Vw_TVpKkcz_7WwDWUwqYAZZyD0zTdavtU1m7Dd0OGEaaYxj4qxnMRw7_3YYoSIMW3/s320/ultimas_conversas_2.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt;">Os
depoimentos começam. As histórias contadas realçam o drama repetitivo da
juventude. Crianças mal crescidas, a maioria de famílias desfeitas, exibem ora
tristeza, ora futilidade, para as câmeras. Até que... uma voz baixinha, tímida,
se destaca do marasmo e da descrença. Coutinho se espanta. A menina da voz de
criança quer pilotar avião, sem nunca ter entrado num. E dar a mãe, mais tarde,
todo o amor que a mãe não lhe deu. A dureza da mãe não endureceu a filha, que
diz ser o amor, antes, um abraço e a companhia, do que comida e roupas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt;">Mas
jovens são românticos. E o romantismo não demora a chegar. Um garoto poeta –
aliás, há mais de um dentre eles – se declara adepto do ultraromantismo... sabe
como é, o amor ou a morte? Eduardo Coutinho não se contém. Espera: o amor e a
morte. A vida e a morte. Não são dois lados, é o mesmo. Não é um ou outro, são
os dois, juntos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt;">Os
depoimentos se sucedem. Uma das entrevistadas, do alto de seus 18 anos, divide
o mundo entre loroteiros, ou espertos, e ingênuos, ou bobocas. Ela é loroteira.
E diz que se impõe porque todos devem ter a mesma opinião que ela, pois a sua é
sempre a certa. E diz que quer estudar cinema. Conta uma história de trama de
novela, com traição, morte e muita, muita lorota. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt;">O
final do filme é de arrepiar, não pela surpresa. Mas por virtude do acaso,
calhando de juntar a emoção e a razão, a ingenuidade e a experiência, a alegria
tenra e a alegria madura num mesmo plano. As luzes acendem, as lágrimas não
param. Se é difícil ter fé, e mais ainda retomá-la, o último filme de Coutinho fez
da sala de cinema um templo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt;">O
homem que morreu é Deus? Não. O homem que viveu achou, no ofício criativo, na
investigação da realidade aberta na expressão de simples depoimentos, a humana
divindade. <o:p></o:p></span></div>
<script src="http://www.google-analytics.com/urchin.js" type="text/javascript">
</script>
<script type="text/javascript">
_uacct = "UA-2979840-1";
urchinTracker();
</script>Fábio Lucashttp://www.blogger.com/profile/12222883195666200654noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-34245611.post-28789172743416532052013-01-17T22:41:00.000-02:002013-01-17T22:41:23.501-02:00As mulheres de Sacalina<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYxDssCrMU_MtzbmFUhalmUY1H0CSp-iAiSLtan6Nac-0iTzg6Jg5m4X7ThWFx22umIetO9sugQiv-uvtwBbzJ-TsmNRe98MMaCdlCaqf5mQIcz9TDQ7uzyxSqZjHyhqRsXnAI/s1600/mulher-estupro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="273" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYxDssCrMU_MtzbmFUhalmUY1H0CSp-iAiSLtan6Nac-0iTzg6Jg5m4X7ThWFx22umIetO9sugQiv-uvtwBbzJ-TsmNRe98MMaCdlCaqf5mQIcz9TDQ7uzyxSqZjHyhqRsXnAI/s320/mulher-estupro.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A cena é tá chocante que a sua concepção não se sustenta por
mais do que alguns segundos. A imaginação não demora a afastar a visualição
mental, e é difícil aceitar a notícia como realidade. Que dirá pela segunda
vez. Na Índia, pouco depois da vida perdida da estudante de Nova Déli, em
decorrência de estupro por seis homens dentro de um ônibus, novo caso
semelhante voltou a questionar o país acerca de seus valores. Pelo menos não
houve vítima fatal (como se ouvissem a frase infeliz de Paulo Maluf, que
declarou, anos atrás, em São Paulo, em tom de aconselhamento: “Estupra, mas não
mata”).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Aliás, a infelicidade verbal também assola a Índia. O guru
Asaram Bapu disse que “a tragédia não teria acontecido se ela tivesse evocado o
nome de Deus e caído aos pés de seus agressores, chamando-os de irmãos e
implorando para que parassem”. É ainda mais difícil acreditar nos estupradores
recuando, tementes, depois que a menina de 23 anos de idade se prostrasse a
seus pés – pedindo perdão, quem sabe, por ter-lhes despertado o desejo?! E
ainda emendou, não satisfeito, Bapu: “Um erro nunca é cometido apenas de um
lado”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Além de expor à luz da mídia a ignorância que se disfarça no
dogma, o guru trouxe à tona a raiz do ato violento: a tradição milenar de
desprezo e discriminação das mulheres. O estupro não pode ser crime quando a
mulher é, por princípio, a criminosa: pecadora, bruxa, tentação, demônio a ser
dominado e incessantemente punido. Para muitas pessoas, e não somente na Ásia, um
estupro pode ter como causa simplesmente o fato de a mulher usar saia,
trabalhar com homens ou se portar de maneira ocidentalizada, seja o que isso
signifique. Em locais próximos à capital indiana, o telefone celular – sim, o
celular – e a calça jeans são proibidos para o gênero feminino. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Embora em nossos dias horrorize a audiência, a barbárie contra
a mulher é o crime mais comum da história da humanidade. O processo de
libertação, deste prisma, é recente, lento e com longo percurso pela frente. No
final do século 19, o então jovem, mas já famoso escritor russo Anton Tchekhov fez
uma viagem que surpreendeu seus contemporâneos. Num trajeto de meses de desconforto
e sofrimento, foi até a ilha de Sacalina, e na volta publicou um livro de
relato sobre o que viu. Nesse relato, descreveu o encontro com o povo nativo,
os guiliaks, que se alimentavam de carne crua e encaravam a agricultura como
pecado, exibindo costumes de pelo menos centenas de anos. Para eles, segundo
Tchekhov, as mulheres eram “como se fossem objetos ou animais domésticos” e
podiam ser “expulsas, vendidas e chutadas como cachorros”. A referência ao romancista
e dramaturgo russo é emprestada de Haruki Murakami, no best-seller “1Q84”, em
que, por sua vez, a cultura machista japonesa é o pano de fundo para um dos
eixos da trama. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A notícia que chocou a Índia mostra o quanto as mulheres de
Sacalina ainda vivem – na terra do “líder espiritual” Bapu, no Japão das
gueixas, na China de Xinran – jornalista que reuniu no livro “As boas mulheres
da China” episódios de abusos e privação de direitos fundamentais em seu país. No
Brasil também resiste o comportamento dos ilhéus de Sacalina. Nada menos que
40% das brasileiras foram vítimas de algum tipo de violência doméstica, segundo
dados de 2011. Com a Lei Maria da Penha, em 2006, as denúncias têm aumentado,
mas o medo ainda faz reinar o silêncio. Como no mundo inteiro, um véu de
vergonha encobre a brutalidade e a estupidez que marcam o desrespeito à mulher.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<i>Ilustração: expressaomulher.blogspot.com.br</i></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<script src="http://www.google-analytics.com/urchin.js" type="text/javascript">
</script>
<script type="text/javascript">
_uacct = "UA-2979840-1";
urchinTracker();
</script>Fábio Lucashttp://www.blogger.com/profile/12222883195666200654noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-34245611.post-87499447535655140172012-07-24T08:54:00.003-02:002012-07-24T08:54:38.549-02:00Neurofilosofia<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieWGfTTwJPFht2UjFV9mNqEOT69v-w7V5ezx5ziEdIflAqmsyfDnzrmfhlb80TT-Jl4JFuUi4v54RIKyTiC7PL9rCmdEITNOGJGtRl1KAc7t3g4NpKAlTDzFq1TPGz1roZSymB/s1600/Cerebro+Iluminado.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="243" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieWGfTTwJPFht2UjFV9mNqEOT69v-w7V5ezx5ziEdIflAqmsyfDnzrmfhlb80TT-Jl4JFuUi4v54RIKyTiC7PL9rCmdEITNOGJGtRl1KAc7t3g4NpKAlTDzFq1TPGz1roZSymB/s320/Cerebro+Iluminado.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal">
A ciência costuma abrir trilhas para a investigação
filosófica, ao lançar novas perguntas a partir das respostas que elabora. O
trabalho do conhecimento não tem fim, e por isso é instigante, apesar de
parecer cansativo para quem não se dispõe a enfrentar questionamentos
constantes que podem reformular o modo como se vê o mundo – ou ainda, como o
indivíduo se vê no mundo que o recebe e envolve.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Se os avanços científicos limpam o terreno para a exploração
do pensamento, nas últimas décadas grandes excursões foram possibilitadas pela
neurociência. O mapeamento do cérebro e suas relações com o que sentimos e
fazemos proporcionou a abertura de veredas incríveis que mudaram a percepção
que tínhamos da sua complexidade e do seu papel no organismo humano. O “computador
úmido”, na expressão do neurocientista David Eagleman, seguiu a linha evolutiva
para desenhar adaptações para a espécie. Neste trajeto, longe de ser um
receptor passivo, o cérebro molda a realidade que observa: a subjetividade
possui a função objetiva de garantir a sobrevivência, e para isso o cérebro é
plástico, dinâmico, e não estático. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Do mapeamento cerebral surge a base para um novo salto – a
leitura do cérebro. Em entrevista à Veja, outro neurocientista, Philip Low,
falou de um novo aparelho, batizado de iBrain, que ajudará pessoas como o
físico Stephen Hawking a se comunicarem. Hawking, gênio que desvendou mistérios
referentes ao horizonte de eventos dos buracos negros, atualmente se comunica
pelo movimento de músculos da bochecha... mas nem isso será capaz de fazer em
breve, por causa do agravamento da doença degenerativa que o mantém prisioneiro
no próprio corpo desde a juventude.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A comunicação direta entre o cérebro e uma máquina, que já
permite a realização de movimentos virtuais a grandes distâncias, como provou,
entre outros, o cientista brasileiro Miguel Nicolelis, antecipa algo imaginado
pela ficção científica: o diálogo da telepatia. Diante das vertigens da
neurociência contemporânea, no entanto, essa é apenas uma das perspectivas
vislumbradas da janela mental.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A pesquisa científica nunca se resume às conquistas que
assume. As descobertas, mais cedo ou mais tarde, são pontos de apoio para
dúvidas que extrapolam o âmbito do conhecimento de cada época. É assim que a
física quântica e a teoria da relatividade amparam, hoje, viagens teóricas como
a teoria de cordas, os universos paralelos e o multiverso holográfico. No caso
da neurociência, assim como na leitura do genoma, as questões imediatamente
postas desafiam os conceitos estabelecidos de natureza humana, de consciência
e, para alguns, até de uma alma além da mente. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O mapeamento do cérebro já mostrou que os animais dispõem de
níveis de consciência similares aos nossos, embora não carreguem a inteligência
consciente que nos atribuímos. De acordo com Philip Low, o que a neurociência
procura agora é “descobrir se a consciência está confinada a uma área única do
cérebro e se pode ser gravada, preservada e reproduzida”. Isso mesmo, como uma
memória transferível do “computador úmido”. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
É compreensível e desejável que o ceticismo equilibre o
delírio no esboço de explicações para perguntas que talvez jamais venham a ser
respondidas. Como de hábito, a filosofia corre atrás dos cientistas num
primeiro momento, para em seguida buscar a visão privilegiada do que se
descortina aos observadores, em um universo em expansão contínua.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<script src="http://www.google-analytics.com/urchin.js" type="text/javascript">
</script>
<script type="text/javascript">
_uacct = "UA-2979840-1";
urchinTracker();
</script>Fábio Lucashttp://www.blogger.com/profile/12222883195666200654noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-34245611.post-45268087222657806762012-07-09T09:53:00.002-02:002012-07-09T09:53:52.264-02:00Do local para o global<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLGBVAdtO3DAh62id5GA9nQyn5QfVmQdaWrsJj0wWC7BFvUnxRFd3UPRXURppO5dg0TwTCQuyBdgPOKF2zkYHklm7tryVQ_UZvqF9z9_B_yr-geBEywrH3onzLTdIkqnqIZdwh/s1600/rio20.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLGBVAdtO3DAh62id5GA9nQyn5QfVmQdaWrsJj0wWC7BFvUnxRFd3UPRXURppO5dg0TwTCQuyBdgPOKF2zkYHklm7tryVQ_UZvqF9z9_B_yr-geBEywrH3onzLTdIkqnqIZdwh/s320/rio20.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal">
A extensa pauta de discussões, a quantidade de pessoas e
organizações presentes e até as extravagantes manifestações que deram ao
encontro de quase duas semanas um clima de carnaval fora de época, criaram a
expectativa de que a Rio+20 poderia ter um saldo melhor. Nos últimos dias da
Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a chegada de
chefes de estado reacendeu a esperança de que o documento tímido apresentado
pelas delegações, chamado ironicamente de “rascunho zero”, pudesse sair do zero
e ser mais que um rascunho, ao receber o título pomposo de “O futuro que
queremos” em sua versão final. Mas a chama logo se apagou. Os presidentes
passaram, e as metas para um planeta sustentável foram atiradas, como de
hábito, para o terreno semeado pela insustentabilidade.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A sensação de frustração no âmbito dos acordos de cúpula,
que ignoraram a necessidade de objetivos concretos perseguidos por políticas de
amplo alcance e medidas de ruptura dos padrões de consumo, não foi propagada
pelo governo brasileiro. Como anfitriã, a presidente Dilma Rousseff insistiu na
defesa do minimalismo pactuado, apesar das lacunas evidentes. Ao abdicar da
pressão sobre as nações visitantes, o Brasil se limitou a hospedar o maior
evento sobre sustentabilidade já realizado, sem exercer a liderança que
naturalmente nos caberia. Um País com o capital verde como o que nós dispomos
não poderia apenas abrigar a conferência das Nações Unidas com “calorosas
boas-vindas”. Foi muito pouco.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Rebatendo as críticas que saíram de todos os lados, o
secretário geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse que “seria muito
pobre reduzir a Rio+20 apenas àquilo que é o documento final”, preferindo
enaltecer a “festa democrática” realizada com sucesso e sem atropelos – embora
os moradores do Rio de Janeiro tivessem razões para reclamar, especialmente da
falta de mobilidade que entupiu a cidade por causa da passagem das comitivas,
apesar da decretação de três dias de feriados escolares e no serviço público. A
afirmação de Carvalho serve como reconhecimento oficial do curto fôlego de um
documento cercado de grandes expectativas, e que resultou em grande decepção. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O consolo daqueles que participaram das atividades no
Riocentro e nos debates e exposições paralelas, como no Forte de Copacabana, no
Jardim Botânico e na área portuária do Rio, bem como dos atentos olhares no
resto do País e do mundo, é que fica cada vez mais claro o papel de
protagonismo das esferas governamentais e não-governamentais locais, diante dos
impasses de uma agenda internacional paralisada pela crise financeira. O
desafio, a partir do fracasso institucional da Rio+20, é acelerar o mecanismo
de programas e projetos exitosos, com base em pressupostos comuns que fazem das
iniciativas de ONGs, empresas e prefeituras a melhor aposta, não para o futuro
que queremos e não sabemos concretizar, mas para o futuro que podemos construir
imediatamente, sem hesitar, nem depender das complexas teias da desgovernança
global.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Editorial do Jornal do Commercio, 9/7/12.</i></div>
<br />
<script src="http://www.google-analytics.com/urchin.js" type="text/javascript">
</script>
<script type="text/javascript">
_uacct = "UA-2979840-1";
urchinTracker();
</script>Fábio Lucashttp://www.blogger.com/profile/12222883195666200654noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-34245611.post-42281544258295180822012-06-19T12:44:00.001-02:002012-06-19T12:44:28.188-02:00A capela dos consensos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-oD4wLLzg6c51uL3GrPs1oKU9LnN5IuVG3poEp2_Sfs_6n9E0JDCegHHsWAxUXFecwYRr05w1C2eTn3SR3htqAYCeib0kX45ETw1Sk_pnjIbR19Kmuwgt-ZLplllSKUMXQxxJ/s1600/SAM_0044.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="238" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-oD4wLLzg6c51uL3GrPs1oKU9LnN5IuVG3poEp2_Sfs_6n9E0JDCegHHsWAxUXFecwYRr05w1C2eTn3SR3htqAYCeib0kX45ETw1Sk_pnjIbR19Kmuwgt-ZLplllSKUMXQxxJ/s320/SAM_0044.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Enquanto
os impasses aumentam a impaciência dos delegados oficiais e o ceticismo dos
convidados credenciados no RioCentro, onde se produzem os documentos para os
chefes de estado que desembarcam esta semana, bem longe dali, no Forte de
Copacabana, o clima é diferente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Pra
começar, o aglomerado à entrada, o dia inteiro, todos os dias, de gente
disposta a passar até duas horas na fila para ver uma exposição sobre o meio
ambiente, promove o impacto visual necessário para preparar o espírito de quem
vai lá com outro propósito: o de expor ideias e experiências na programação de
debates do Humanidade 2012, um dos eventos paralelos da Rio+20.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";">O
principal espaço dessa programação integra a exposição, e está aberto à
visitação do público. Foi batizado de Capela Humanidade, numa concepção que
recorda o caráter uno da nossa espécie, com dizeres inscritos nas paredes,
ilustradas ainda, até o teto, com bonequinhos representando a raça humana. A
sala possui uma mesa central, redonda, para os debates, e é rodeado por livros,
a partir de listas sugeridas por personalidades. A cor predominante é o
dourado, talvez simbolizando a riqueza do conhecimento. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Como
se já não bastasse a inspiração da decoração, há um ritual antes de cada
encontro, que também acontece noutros momentos, quando a visitação é intensa.
Trata-se da “cerimônia do pêndulo”, em que um pêndulo colocado no canto da mesa
central, ligado por um fio à cúpula da sala, se desloca para o centro,
representando a busca de prumo para a humanidade. Em seguida, ao som de
cânticos, pássaros brancos de plástico atravessam as paredes da biblioteca, de
um lado a outro, proporcionando um sentimento de integração com a natureza. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";">É
desta maneira que as conversas são introduzidas. Então, na alternância de vozes
em inglês e português, com tradução simultânea e a mímica da linguagem Libras,
os consensos brotam com naturalidade. Ainda que seja em cima de situações de
extrema dificuldade de abordagem, ou sobre cenários nada otimistas, parece que
o som da capela é o som do consenso dos povos, em contraste à cacofonia
paralisante da divergência dos governos nacionais e dos corpos diplomáticos
reunidos no RioCentro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";">No
painel sobre urbanização de favelas, por exemplo, ficou patente o papel da
infraestrutura habitacional na construção da sustentabilidade. O arquiteto
Cláudio Acioly, da ONU-Habitat, apresentou números inquietantes sobre o aumento
da favelização no planeta, impulsionada pela transferência em massa das zonas
rurais para as cidades. Essa é uma tendência mundial preocupante para a qual
não se vislumbram soluções tão cedo. “E não dá pra pensar em sustentabilidade
num mundo de favelas”, disse Acioly. No mesmo painel, o governador de Lagos, na
Nigéria, Babatunde Raju Fashola, foi enfático: “Enquanto não tivermos uma
política global de controle populacional, não conseguiremos avançar muito”,
falou o africano, sem disfarçar o cansaço de quem está acostumado a travar uma
luta invencível.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Noutro
debate, estavam à mesa ambientalistas e empresários para discutir como
estabelecer uma agenda comum. Representantes das federações industriais de São
Paulo e do Rio de Janeiro estavam à vontade para dialogar com o Greenpeace e
outras organizações. Daquele encontro, saiu a sugestão de criar um curso de MBA
sobre o bioma amazônico, por exemplo, e ficou a sensação de que todos se
entendiam perfeitamente. O criador do conceito de “pegada ecológica”, que mede
a quantidade de recursos naturais necessária para uma localidade manter seu
padrão de consumo, Mathis Wackernagel, lembrou que o planeta atualmente consome
uma vez e meia suas reservas naturais em um ano. Dois consensos decorreram da
mesma discussão: a adequação dos padrões de consumo de cada nação à capacidade
global de recursos naturais, e a mudança na medição de riqueza, incorporando-se
custos e benefícios ambientais aos valores tradicionais do Produto Interno
Bruto (PIB). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Até
os Estados Unidos entraram na capela dos consensos da Rio+20, através da participação
de Shalini Vajjhala, da agência norte-americana para o meio ambiente (EPA). A
representante do governo Obama dividiu a mesa com gestores das prefeituras da
Filadélfia e do Rio de Janeiro. Para Shalini, o problema da sustentabilidade
não é dinheiro, e sim, o tamanho dos projetos: são quase sempre pequenos
demais. Todos foram convencidos de que é preciso formatar os projetos em larga
escala, transformando iniciativas isoladas em empreendimentos maiores que
garantam a sua viabilidade econômica.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Como
se dá pra perceber, nem sempre os consensos resolvem a questão. Mas partir de
pontos de vista comuns já é um avanço. Inclusive à vista de retrocessos
evidentes e obstáculos de porte. Para Ana Toni, do Greenpeace, que lidera um
movimento de “desmatamento zero” para a Amazônia, o governo brasileiro está
devendo ações concretas em defesa do meio ambiente, especialmente depois do
Código Florestal e dos incentivos à compra de veículos. Quanto aos obstáculos,
Walter De Simoni, da secretaria estadual de meio ambiente do Rio de Janeiro, ao
questionado sobre o futuro da sustentabilidade num estado em que a perspectiva
de desenvolvimento vem da chegada de grandes empreendimentos da antiga
economia, como siderúrgica e indústria automotiva, foi simplesmente pragmático.
Respondeu esperar que daqui a quatro anos se veja um quadro diferente, com a
economia mais verde, mas por enquanto é o que o Rio dispõe, e não pode
desperdiçar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Eis
o ponto em que o consenso estanca. Em Pernambuco, acontece o mesmo. No Brasil e
em outros países emergentes, o presente insustentável não atrapalha o sonho de
um amanhã de esperança, embalado pelas preces da humanidade na capela. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<script src="http://www.google-analytics.com/urchin.js" type="text/javascript">
</script>
<script type="text/javascript">
_uacct = "UA-2979840-1";
urchinTracker();
</script>Fábio Lucashttp://www.blogger.com/profile/12222883195666200654noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-34245611.post-65041275240710465762012-06-14T19:08:00.002-02:002012-06-14T19:08:14.970-02:00O futuro está nos olhos deles<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-g2UJKBItGKsaFL0EMagF4btl3usGvBLMaw8LCfAvwF_jI6FRxQPUS2BVFZCq-0evXYxQ3AQir_Furu2-_pl7STSHE0RFpy2GdQG6vsD2LxRZg6V1tN0BG9BycctN9S8ky4f4/s1600/7362246012_db936e129e_b.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="211" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-g2UJKBItGKsaFL0EMagF4btl3usGvBLMaw8LCfAvwF_jI6FRxQPUS2BVFZCq-0evXYxQ3AQir_Furu2-_pl7STSHE0RFpy2GdQG6vsD2LxRZg6V1tN0BG9BycctN9S8ky4f4/s320/7362246012_db936e129e_b.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">Com vontade de
influir nas decisões tomadas para mudar o mundo, </span></i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">milhares de jovens participam
da Rio+20</span></i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><br /></span></i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Muitos
deles nem eram nascidos em 1992, quando o Brasil recebeu pela primeira vez um
encontro de cúpula internacional sobre o meio ambiente. A maioria dava os
primeiros passos ou entrava na pré-adolescência, e nem sonhava em fazer parte
daquilo duas décadas mais tarde. Mas a geração com menos de 30 anos é a grande
depositária da esperança dos rumos da Rio+20, e por isso a voz da juventude terá
grande destaque no evento. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Ontem,
foi encerrada a reunião do grupo de interesse de crianças e jovens da
Organização das Nações Unidas (ONU), no Centro de Convenções Sul América, no
centro da cidade. Dois mil jovens de 120 países estiveram presentes, expondo
seus problemas e ideias, discutindo experiências e ajustando como levar a visão
deles para o palco oficial, no Rio Centro, onde terão papel garantido, e para o
público que irá acompanhar tudo pela TV e, principalmente, pelas mídias
sociais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O
grupo de interesse de crianças e jovens foi criado pela ONU em 1992, junto com
outros oito grupos, entre os quais os de povos indígenas, de empresários e de
organizações não-governamentais. Os grupos compõem espaços oficiais de diálogo
entre as Nações Unidas e a sociedade, sendo coordenados por entidades sociais e
ONGs, sem o controle direto da ONU. Antes de cada conferência da entidade, o
grupo de interesse de crianças e jovens realiza um evento prévio, de
capacitação e planejamento. “É para fazer o pessoal entender o que está
acontecendo, como funcionam os instrumentos de negociação na ONU, e quais os
canais de influência possíveis”, explica Pedro Telles, um dos organizadores da
Youth Blast – nome dado ao encontro prévio dos jovens para a Rio+20. Pedro tem
24 anos e integra o Vitae Civilis, fundado antes ainda da ECO92, em 1989, em
São Paulo, e voltado para “a governança da sustentabilidade sócio-ambiental”,
segundo o site da organização.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">“A
gente conseguiu atingir um público que não é envolvido nas negociações da ONU”,
disse Juliana Russar, 27, voluntária na Youth Blast. “Não é só os governos que
vão tomar as decisões, é importante a participação de toda a sociedade.
Organizações e indivíduos que façam parte dos grupos podem influenciar as
decisões da ONU”, acredita Juliana, coordenadora de uma entidade criada em
2008, voltada para a “busca de soluções pra crise climática”, segundo a
expressão dela. Chama-se 350.org, em referência à concentração de carbono na
atmosfera considerada segura pelo cientista da Nasa, James Hensen, de 350 parte
por milhão (ppm). Atualmente essa concentração está em 400 ppm. Na Rio+20, Juliana
e seus amigos da 350.org promoverão uma campanha pelo fim do subsídio aos
combustíveis fósseis. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">A
estimativa é de que cerca de três mil jovens participem da Rio+20 a partir de
hoje, quando começa de fato a programação oficial, enriquecida por uma
programação paralela repleta de debates e exposições em vários locais da
capital fluminense. Na Cúpula dos Povos, que acontece no Aterro do Flamengo, o
Acampamento Internacional das Juventudes promete ser um dos focos de agitação e
ativismo. Por outro lado, as delegações oficiais não iriam desperdiçar o apelo
que vem dos olhos que miram o futuro. O governo brasileiro tem na delegação 12
jovens, cuja missão será tentar traduzir o pensamento das novas gerações do
País, que será o centro das atenções do planeta nos próximos dias. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">A
energia abundante da pouca idade também está sendo aproveitada no trabalho
voluntário na gestão de um evento de grande porte como a Rio+20. São 1.200
voluntários oriundos de universidades e escolas técnicas de todo o Brasil, além
de alunos da rede pública do Rio de Janeiro. No encerramento da capacitação, no
Museu de Arte Moderna do Rio, o ministro Laudemar Aguiar, coordenador do comitê
de organização do evento, cuidou de estimular mais os jovens colaboradores:
“Vocês são multiplicadores das ideias de sustentabilidade, de inclusão social,
de acessibilidade e de erradicação da pobreza”.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">E
são mesmo. Mas a ocasião é importante demais para que se percam oportunidades
de abertura de novos caminhos, ainda que se tenha a continuidade de um debate
que vem de pelo menos quatro décadas, desde Estocolmo, em 1972. Na Rio+20, o
melhor é que nas faces da juventude se veja a expressão de seus anseios e
sonhos, a mobilização da liberdade criativa que impulsiona o conhecimento, e
não apenas a condução de planos ultrapassados que caducaram sem jamais terem
sido postos em prática. Que sejam multiplicadores das próprias expectativas, e
não meros repetidores da monotonia dos discursos frustrados dos embaixadores da
diplomacia ambiental. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">(Jornal do Commercio, 13/06/12)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><i>Foto: Youth Blast/Fora do Eixo</i></span></div>
<br />
<script src="http://www.google-analytics.com/urchin.js" type="text/javascript">
</script>
<script type="text/javascript">
_uacct = "UA-2979840-1";
urchinTracker();
</script>Fábio Lucashttp://www.blogger.com/profile/12222883195666200654noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-34245611.post-20083496741525360772012-05-27T23:43:00.000-02:002012-05-27T23:43:07.564-02:00O vício de si<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9XZ3R_dE986uBuLVtlBIA71pCOgTVAQmgBiVhZDk7bALHOLGrMjRMNHPWz9LYVB7pBRlDZOZJyZkv8rNt7iXmM9CZR6iXS-v-Zx8VLJWQfzOsZWg17K2yUPiztCAZ7C3tE2eQ/s1600/filmes_1711_Shame-2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="208" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9XZ3R_dE986uBuLVtlBIA71pCOgTVAQmgBiVhZDk7bALHOLGrMjRMNHPWz9LYVB7pBRlDZOZJyZkv8rNt7iXmM9CZR6iXS-v-Zx8VLJWQfzOsZWg17K2yUPiztCAZ7C3tE2eQ/s320/filmes_1711_Shame-2.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<i>O silêncio do hábito esconde o vício que parou num porto do acaso</i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal">
Quando a silenciosa trajetória da rotina é interrompida,
explodem restos deixados para trás, e surgem, como fantasmas, rotas perdidas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O silêncio do hábito esconde o vício por baixo do tapete do
tempo. Somos dependentes dos gestos que repetimos, das desculpas que damos, do
prazer compensatório que nutrimos, do pensamento travado no mesmo ponto, há
anos sem sair do lugar – mesmo que tenha parado ali por acaso, e longe de ser
firme convicção, continua frágil como aportou.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A instabilidade dos portos existenciais é típica dos
costumes de uma época retratada mais por aquilo que falta do que pelo que tem,
mais pelo que se destroi do que pelo que se conquista, mais pelo que é consumido
do que por outro qualquer motivo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Então, o vício da solidão no seio da multidão se torna
escudo obrigatório até no desfrute das companhias fugazes, das amizades
interessadas e das relações íntimas criadas para a satisfação da rotina. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
E o que aparenta ser escape do vício é, de fato, a
manifestação da sua essência.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: x-small;">(Crônica sobre o filme <i><b>Shame</b></i>, de 2011, dirigido por Steve McQueen)</span></div>
<br />
<script src="http://www.google-analytics.com/urchin.js" type="text/javascript">
</script>
<script type="text/javascript">
_uacct = "UA-2979840-1";
urchinTracker();
</script>Fábio Lucashttp://www.blogger.com/profile/12222883195666200654noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-34245611.post-54577096847316140332012-04-08T18:16:00.003-02:002012-04-08T18:16:37.301-02:00Os aliens do Xingu<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPC0uZYHS7Tobty_ije31XsPS9OFbf4zRZTlCaYFWNP2J_WLz7XkQYSCMuh6bXFSBdm_SjCWLH7ZwgVtv5uy4daBf62_VJS7xhLkpdp37KiWufREDNc1xR9SVKTg6e5RuMpp7K/s1600/1024px-Parque_Ind%C3%ADgena_do_Xingu.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="202" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPC0uZYHS7Tobty_ije31XsPS9OFbf4zRZTlCaYFWNP2J_WLz7XkQYSCMuh6bXFSBdm_SjCWLH7ZwgVtv5uy4daBf62_VJS7xhLkpdp37KiWufREDNc1xR9SVKTg6e5RuMpp7K/s320/1024px-Parque_Ind%C3%ADgena_do_Xingu.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal">
Uma cultura alienígena desconhecida, que modifica tudo por
onde passa, espreita o território ocupado por outra, que tira a subsistência do
ambiente sem transformá-lo drasticamente. Os alienígenas aproximam-se do
habitat dos nativos com a adrenalina em carga máxima. O coração dos aliens
dispara ao primeiro contato com os gritos animalescos que denunciam a presença
nativa. Uma torrente de medo e excitação percorre a circulação sanguínea dos
visitantes, que se tomam por conquistadores de um pedaço de planeta virgem,
isolado como uma ilha que precisa ser anexada ao continente – mesmo que isso
seja logicamente impossível.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Os aliens vestem trajes pesados, inadequados para aquela
ilha distante. Estão deslocados mas agem como se os perdidos fossem os outros.
Avançam sobre fronteiras que jamais pisaram como se os estrangeiros fossem os
outros. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Uma desproporção óbvia separa aqueles dois mundos. O
desconforto do primeiro encontro é mútuo. A desconfiança é quebrada pelo ímpeto
do alienígena conquistador, que quer a simpatia do conquistado antes de iniciar
a invasão definitiva. Badulaques e bugigangas oferecidas em troca de confiança
estimulam a boa índole dos nativos – ou selvagens, como são chamados pelos
aliens.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A estranheza do contato permanece até o ponto do
arrependimento. O que era para ter sido deixado intacto se desmanchou ao toque
do olhar alheio. Dois universos não se misturam impunemente. E se havia algo
que morreu pra sempre, foi por que algum outro apareceu e matou.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: x-small;"><b>Xingu </b>(Brasil, 2011)</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: x-small;"><i>Direção: Cao Hamburguer</i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: x-small;">Com João Miguel, Felipe Camargo, Caio Blat e Maria Flor. </span><o:p></o:p></div>
<br />
<script src="http://www.google-analytics.com/urchin.js" type="text/javascript">
</script>
<script type="text/javascript">
_uacct = "UA-2979840-1";
urchinTracker();
</script>Fábio Lucashttp://www.blogger.com/profile/12222883195666200654noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-34245611.post-74204941498200205802012-03-17T18:52:00.003-02:002012-03-17T18:52:54.609-02:00Democracia fisiológica<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixr1jkRKVwc8efp3JuovPu6eJu5sY1KEIAy63ii4Q-y9IchiQO84PiTeyiViFCBSx7L_R2VlZweDF1A2TojOy9hMXPuQQL_wlrFNO1E4cs7wrQ6QFHnH6fDoSJV3nDYtjLsbLR/s1600/dilmaesarney.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixr1jkRKVwc8efp3JuovPu6eJu5sY1KEIAy63ii4Q-y9IchiQO84PiTeyiViFCBSx7L_R2VlZweDF1A2TojOy9hMXPuQQL_wlrFNO1E4cs7wrQ6QFHnH6fDoSJV3nDYtjLsbLR/s320/dilmaesarney.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves/>
<w:TrackFormatting/>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:DoNotPromoteQF/>
<w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther>
<w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian>
<w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:SplitPgBreakAndParaMark/>
<w:EnableOpenTypeKerning/>
<w:DontFlipMirrorIndents/>
<w:OverrideTableStyleHps/>
</w:Compatibility>
<m:mathPr>
<m:mathFont m:val="Cambria Math"/>
<m:brkBin m:val="before"/>
<m:brkBinSub m:val="--"/>
<m:smallFrac m:val="off"/>
<m:dispDef/>
<m:lMargin m:val="0"/>
<m:rMargin m:val="0"/>
<m:defJc m:val="centerGroup"/>
<m:wrapIndent m:val="1440"/>
<m:intLim m:val="subSup"/>
<m:naryLim m:val="undOvr"/>
</m:mathPr></w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="true"
DefSemiHidden="true" DefQFormat="false" DefPriority="99"
LatentStyleCount="267">
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Normal"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="heading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="35" QFormat="true" Name="caption"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="10" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" Name="Default Paragraph Font"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="11" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtitle"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="22" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Strong"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="20" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="59" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Table Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Placeholder Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="No Spacing"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Revision"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="34" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="List Paragraph"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="29" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="30" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="19" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="21" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="31" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="32" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="33" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Book Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="37" Name="Bibliography"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" QFormat="true" Name="TOC Heading"/>
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-priority:99;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin:0cm;
mso-para-margin-bottom:.0001pt;
text-align:justify;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
mso-bidi-font-size:11.0pt;
font-family:"Times New Roman","serif";
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;
mso-fareast-language:EN-US;}
</style>
<![endif]--></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Uma das faces do pragmatismo, o fisiologismo abusa da repartição
de cargos e verbas por critérios políticos, e rende, como frutos, apoio no
Congresso e ampliação de alianças eleitorais. Governos montados sob bases
fisiológicas, mais atentos a demandas privadas do que às necessidades da
população, tendem a exibir altos graus de ineficiência e de corrupção. Seria um
mal da democracia? Em entrevista à rádio JC/CBN no sábado, 11, o cientista
político e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Marco Aurélio
Nogueira, disse que, “antes de ser o preço de um governo de coalizão, é o preço
de um governo democrático. O que se espera da democracia é justamente esse tipo
de negociação”, disse Nogueira. </div>
<div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O professor comentou na ocasião a derrota do governo no
Senado, que reprovou a indicação da presidente Dilma Rousseff para o comando da
Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Dias depois, Romero Jucá,
virtual mentor da rebelião, perdeu o posto de líder no governo no Senado. Jucá
foi líder dos governos de Fernando Henrique, de Lula e de Dilma. Deve ser um
especialista na arte da coalizão e nos insondáveis caminhos da governabilidade,
assim como o seu partido, que conta com o vice-presidente da República. Quando
candidato, Michel Temer declarou que a vice e a participação no programa de
governo eram os únicos compromissos do partido para a formação de chapa. <span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">“Não há nada disso de partilha de cargos. O que o PMDB vai fazer é
colaborar com o governo. O PMDB repudia essa coisa do fisiologismo”, afirmou em
um debate, em 2010. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A derrubada da indicação oficial para a ANTT revelou a crise
na base aliada, e levou à troca dos líderes no Parlamento. Além de Jucá,
Cândido Vaccarezza, do PT, foi destituído de suas funções na Câmara, num lance
duplo transmitido como gesto de autoridade de Dilma. Debelada a crise, se assim
o for, retorna o jogo do fisiologismo. “Temos um sistema que facilita a
negociação em torno de vantagens e de poder, e parlamentares e partidos aceitam
fazer parte desse jogo”, afirmou à JC/CBN Marco Aurélio Nogueira. </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O PMDB, que sempre reclama, mesmo quando “repudia”, já havia
se queixado da “gula” do PT por cargos, que estaria ameaçando a fidelidade da
base aliada. Como se o PMDB não estivesse sempre lá, desde Sarney, abocanhando
fatias generosas do orçamento e dando a sua contribuição inestimável para os
maus serviços da máquina federal. Em artigo publicado no jornal O Estado de São
Paulo, o historiador Marco Antonio Villa chamou atenção para o fato de que a
disputa fisiológica escancarada, do primeiro escalão até as empresas estatais,
é cada vez mais considerada natural. Mas a banalização pode cair diante dos
problemas na economia, que “não está mais sustentando o presidencialismo de
transação”. </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ao se admitir com tanta naturalidade o fisiologismo como
elemento democrático, permite-se o alargamento ético que descamba na degeneração
da própria democracia. E se embarca no relativismo que não vê com estranheza os
movimentos torpes de uma democracia fisiológica. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">(Editorial do Jornal do Commercio/PE, 17/03/2012)</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;"><i>Foto: Rob<span class="highlightedSearchTerm first-child">e</span>rto Stuck<span class="highlightedSearchTerm last-child">e</span>rt Filho/PR </i></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<script src="http://www.google-analytics.com/urchin.js" type="text/javascript">
</script>
<script type="text/javascript">
_uacct = "UA-2979840-1";
urchinTracker();
</script>Fábio Lucashttp://www.blogger.com/profile/12222883195666200654noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-34245611.post-80359629726651891242012-02-22T12:53:00.000-02:002012-02-22T15:37:35.220-02:00Sorrisos nus<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWoeX2uGd2p9CbxeJSkubx-lwBc3oWJEUOddjqpa6NCiwKhyphenhyphenCIl0L7y5W74Mba9rdR5R46tpt-o9Qf2u4MJmFDDtTvJm4Occvtr7HdRYsJ2QpQbcG8MN4Jl8CW6h1hbTC9UoqT/s1600/sorriso_carnaval.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="162" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWoeX2uGd2p9CbxeJSkubx-lwBc3oWJEUOddjqpa6NCiwKhyphenhyphenCIl0L7y5W74Mba9rdR5R46tpt-o9Qf2u4MJmFDDtTvJm4Occvtr7HdRYsJ2QpQbcG8MN4Jl8CW6h1hbTC9UoqT/s320/sorriso_carnaval.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<em><span style="font-size: x-small;">Disposição de proximidade, partilha, prazer e paz</span></em></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
No resto do ano as faces encobertas pelos panos das
convenções, do atropelo de afazeres e pelos mantos transparentes das inibições,
disfarçam a expressão solta agora, sem vergonha nem economia. O Carnaval expõe
sorrisos nus.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
O menino no colo do pai está desconfiado, só ensaia careta
sem graça, franze a testa, vestido de super-herói. A irmã, de fita nos cabelos,
faz pose com uma alegria serena. Os pais, de óculos escuros para encarar o sol
de Olinda, não escondem o orgulho e escancaram a felicidade na foto de álbum de
família. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Vestida de coelhinha, a menina ergue os ombros e sorri numa
esquina do Recife Antigo. A mãe que não desgruda aparece no Marco Zero, de
boina e um sorriso nas cores da bandeira de Pernambuco. Outra mãe que não se
aguenta de emoção segura o estandarte e o filho. A garotinha de rabo de cavalo,
óculos quadrados e o cruzeiro do sul salpicado na bochecha também brinca no Eu
Acho é Pouquinho, flagrada pelas lentes de Juliana Lombardi. Uma geração
inteira de índios bebês aparece, no Galo, na Rua do Bonfim, na Bom Jesus.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Em casa, antes dos cortejos, um casal de irmãos se prepara
para sair de cangaceiros. Marido e mulher vão de marinheiros num grupo que tem
malandro, bruxa, melindrosa e pirata. Outra índia de colo aguarda ansiosamente
a primeira vez em que será ninada ao som do frevo.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Num camarote, a moça exibe-se contente ao lado do pai, os
dois de camisetas verdes, como todos no espaço vip. Lá embaixo, entre o sol e a
chuva, amigas nem ligam pro humor de São Pedro, e se abraçam com empolgação.
Uma de máscara azul brilhante sobre os olhos, a outra de peruca rosa. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Vielas da região portuária e ladeiras de casarios antigos
guardam a história de olhares trocados. Um grupo de enfermeiras topa com três
vampiros, dois dráculas perseguem uma nega maluca. A bailarina rodopia,
rodopia, se diverte sem parar. Uma fila de anjos quebra o colorido reinante,
com asas e saias brancas, e se amostram para a TV. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Quem está trabalhando não demonstra insatisfação. Nos
camarotes, nas ruas, nos bares e restaurantes, também vale a empolgação. Na
cobertura da felicidade desmascarada, jornalistas, produtores, fotógrafos e
câmeras vestem a camisa do ofício, sem lamento.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Casais incontáveis aproveitam para celebrar o amor de outros
carnavais. Esse faz dos chapéus coloridos o mote da graça. Aquele, de verde e
prateado, capricha na pose: disputam prêmio de melhor fantasia. Na Terra do
Nunca, escoltada por Peter Pan, Sininho faz de conta que não vê o cordão de gente
misteriosamente formado ao seu redor.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Personagens desgarrados não têm nada de solitários no seio
da multidão. A tiara de flores emoldura a cigana pronta pra festa. Uma bruxinha
de vermelho e preto descansa, de copo na mão. Sentado ao meio-fio, um pequeno
bobo-da-corte se restabelece. Capitão Gancho toma um gole enquanto analisa o
panorama. A menina assanhada pinta o rosto inteiro, em forma de labareda: é a
chama que não passa. E até debaixo do boneco gigante, a disposição gigantesca
segura a responsabilidade com leveza, interrompendo a performance pra foto de
Hans von Manteuffel como se tudo fosse motivo de brincadeira. Por falar neles,
a fila dos bonecões em Olinda é puxada por um Gonzagão à vontade, dentes à
mostra, como se cantasse. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Expressão dos músculos faciais, o sorriso torna visível uma
disposição de alma: disposição de proximidade, encanto, partilha, prazer e paz.
A mais evidente e festejada nudez do Carnaval. <o:p></o:p></div>
<br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;"><em>Foto: </em></span><a href="http://www.portalvital.com/"><span style="font-size: x-small;"><em>www.portalvital.com</em></span></a></div>
<script src="http://www.google-analytics.com/urchin.js" type="text/javascript">
</script>
<script type="text/javascript">
_uacct = "UA-2979840-1";
urchinTracker();
</script>Fábio Lucashttp://www.blogger.com/profile/12222883195666200654noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-34245611.post-20303697107391285202012-01-22T22:40:00.000-02:002012-01-22T22:41:41.673-02:00Metafísica das rochas<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEharHH4jkzpDXXY-_4Sog_cYdKX2WJ9DAjaf8CTwq9CeTrksNIC12mb60iIdlaRLV3x39UvBOs-wl0upkEua6DCLHkEBnmKOibgQeXvyxgdWtFLThtQp0rHFF6lZae-3Zoc3bey/s1600/BURMA-10004Drum.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEharHH4jkzpDXXY-_4Sog_cYdKX2WJ9DAjaf8CTwq9CeTrksNIC12mb60iIdlaRLV3x39UvBOs-wl0upkEua6DCLHkEBnmKOibgQeXvyxgdWtFLThtQp0rHFF6lZae-3Zoc3bey/s320/BURMA-10004Drum.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;"><em>Monges budistas diante da pedra sagrada, em Mianmar.</em></span></div>
<br />
<br />
<script src="http://www.google-analytics.com/urchin.js" type="text/javascript">
</script>
<script type="text/javascript">
_uacct = "UA-2979840-1";
urchinTracker();
</script>A foto de Steve McCurry está numa exposição em São Paulo, e aparece em reportagem da revista Época desta semana. O corte superior não mostra a cúpula na parte de cima, cuja descoberta tira um pouco da beleza da cena, na minha opinião: a pedra deixa de parecer um capricho da natureza, ao ganhar um chapéu esquisito e inapropriado.<br />
<br />
A Golden Rock é local de grande peregrinação de budistas e turistas. Segundo a lenda religiosa, é sustentada por um fio de cabelo de Buda. No site do fotógrafo, integra o álbum "<a href="http://stevemccurry.com/galleries/faith?view=info" target="_blank">Faith</a>", que abre com a lógica indefectível de São Tomás de Aquino: "Para aquele que tem fé, nenhuma explicação é necessária. Para aquele sem fé, nenhuma explicação é possível".<br />
<br />
O equilíbrio aparentemente instável da grande pedra dourada é um deleite para os olhos e a imaginação. À luz do pôr do sol, o brilho cintilante monta o cenário para os usos e abusos da fé (o mercado da peregrinação já toma conta do lugar, com hotéis e bares ao redor da visão inusitada).<br />
<br />
A adoração de pedras não é incomum no Oriente. E era comum entre os povos antigos. A cultura indígena nas Américas também está repleta de pedras sacras, assim como as tribos africanas. <br />
<br />
Na metafísica das rochas, a finitude humana encontra na matéria natural uma ponte para a eternidade. Ou a carga de culpa e sofrimento levada vida afora. Ou ainda, a inspiração para o foco necessário à meditação e à revelação. Pode ser também fonte de conduta ética, na imobilidade da crença, do valor e do costume que estão em seu lugar, e de lá não saem nem com a gota.Fábio Lucashttp://www.blogger.com/profile/12222883195666200654noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-34245611.post-34096950038117840522012-01-19T23:51:00.001-02:002012-01-19T23:51:38.987-02:00O repertório de cada voz<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiturubJP1H6yLl15LnjHpgBuxP24pBWL3nXQCWG5WHGWBl1i7-iSzn4vI2YReDnv09KYd_S4Ng41O9Eg_qtrr5oWcIrdpN1V6w0X1Cf_zxbYzmXmOjk-wwxLkBhCesR4nPdcs/s1600/As_cancoes.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="238" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiturubJP1H6yLl15LnjHpgBuxP24pBWL3nXQCWG5WHGWBl1i7-iSzn4vI2YReDnv09KYd_S4Ng41O9Eg_qtrr5oWcIrdpN1V6w0X1Cf_zxbYzmXmOjk-wwxLkBhCesR4nPdcs/s320/As_cancoes.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><em>O canto vocaliza
o que o corpo se acostuma a calar</em></span></div>
<br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Assim como de cada mão sai um traço, de cada olhar um chamado,
de cada passo um caminho, em cada pessoa há um som. A vida dos personagens de
histórias reais se comprime no tom que acumula os anos. Na expressão do rosto
fatigado ou sereno que lembra muito mais do que a letra de uma canção. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Ele entoa segurança, ela, decepção. Outro não esconde a
vergonha, aquela não disfarça a paixão empacada no passado. Orgulho estampado numa
face, e o arrependimento, feito fino véu, recobrindo tantas. Momentos
recuperados duelam com tempos perdidos.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
A narrativa musicada parece ganhar peso, enquanto alivia a
carga de quem canta na expiação sem pecado, na confissão repetida como um
refrão. A culpa é tragada por um sorriso, na dor que se cumpre sempre que
escuta a ilusão redimida. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
A palavra cantada vocaliza o que o corpo se acostuma a
calar, ou não exprime na forma que a música permite. Na dimensão que a música
admite. Na afinação com o sentimento que a voz subitamente atinge.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Na respiração alterada em novo sentido a emoção encontra a
memória que a explica. Da matemática nas notas da escala emerge a razão
acolhida encolhida pelo silêncio do hábito.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Solta a garganta que chora antes da primeira lágrima cair.
Solta o verso conhecido que em todas as vozes é verso diferente. Solta o
instante que ressoa e abarca por inteiro o presente. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Canta do jeito que sabe, o fôlego da poesia, no repertório do
sopro de cada voz. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: x-small;"><strong>As canções</strong> (Brasil, 2011)<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: x-small;">
Documentário de Eduardo Coutinho.<o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<br />
<br />
<script src="http://www.google-analytics.com/urchin.js" type="text/javascript">
</script>
<script type="text/javascript">
_uacct = "UA-2979840-1";
urchinTracker();
</script>Fábio Lucashttp://www.blogger.com/profile/12222883195666200654noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-34245611.post-58140498563212994832012-01-05T22:45:00.001-02:002012-01-05T22:45:27.100-02:00O fim de uma "guerra estúpida"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghoUSR5j0tEC-o9qnR0nPIVPy02AwjaAKtcsvaIao524VdCsC4T9GnK9BrhK2poHw_By0AUc67gRNRqiXNEgRL3y_emF6xWAD6a-wGhrxmoacfRBXwu9-xUthHykPhXY-MLnBO/s1600/soldados-iraque-eua-ap-20100923-G.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="205" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghoUSR5j0tEC-o9qnR0nPIVPy02AwjaAKtcsvaIao524VdCsC4T9GnK9BrhK2poHw_By0AUc67gRNRqiXNEgRL3y_emF6xWAD6a-wGhrxmoacfRBXwu9-xUthHykPhXY-MLnBO/s320/soldados-iraque-eua-ap-20100923-G.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<em><span style="font-size: x-small;">Soldados americanos no Iraque: a linha da insensatez</span></em></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Levou mais tempo do que o candidato Barack Obama esperaria
do presidente Obama: mais de oito anos depois de iniciada, e decorridos três
quartos do primeiro mandato do democrata, a ocupação militar do Iraque pelos
Estados Unidos chega ao final. Alvo de crítica ácida na campanha presidencial
norte-americana de 2008, e de praticamente todas as nações do mundo desde o
princípio, em 2003, sob o apoio do ex-presidente George Bush, filho, do
primeiro-ministro britânico Tony Blair, e a desaprovação da maioria da plateia
global, a presença de tropas estrangeiras em território iraquiano deixou um
saldo de quase 120 mil mortos, dos quais apenas 4,5 mil americanos. Cerca de
1,5 milhão de refugiados foram criados. Sua maior serventia parece mesmo ter
sido econômica: a de manter os contratos milionários da indústria bélica dos
EUA, que totalizaram, na menor das estimativas, a bagatela de US$ 800 bilhões
em gastos, ou próximo da média obscena de US$ 100 bi por ano. Há quem faça a
conta de que a guerra não saiu por menos de US$ 1 trilhão.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Muito longe de atingir os objetivos de pacificação e
estabilização prometidos por Bush, a retirada das tropas é quase a capitulação
melancólica de uma potência bélica que, de outro modo, poderia se considerar
desocupada. O ataque verbal ao uso da força como estratégia de política
diversionista foi veemente em 2008 pelo então candidato à presidência Obama,
que chegou a chamar a situação no Iraque de “guerra estúpida”. Infelizmente,
uma vez no poder, Obama não teve força política para impedir que a estupidez
continuasse ao longo dos últimos três anos, ceifando vidas e semeando o ódio de
maneira insana e desnecessária.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Bush aproveitou-se do clima tenso causado pela derrubada das
Torres Gêmeas do World Trade Center, em 2001, para invadir o Iraque sob o
pretexto de que Saddam Hussein abrigava a Al Qaeda e escondia armas químicas de
destruição em massa. Nenhuma arma desse tipo foi encontrada. A deposição de
Saddam não levou calmaria ao país. Pelo contrário, incitou a desavença entre
grupos que se sentiram mais próximos do controle, devido à ausência do ditador.
A partir daí, o discurso oficial ianque abraçou o mantra da pacificação
interna, que até hoje não foi alcançada. Em 2007, no auge desse discurso, um
ano antes da campanha presidencial que elegeria um Obama opositor da ocupação,
os EUA tinham 170 mil soldados espalhados em mais de cinquenta bases no Iraque.
O cheiro de sangue foi intenso, mas a ordem propalada perdeu para o caos que os
invasores ajudaram a instalar. <o:p></o:p></div>
<br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">Como chefe de Estado, Obama divulgou mensagem em agradecimento ao
sacrifício de milhões de homens e mulheres durante tanto tempo. Pela
contundência do ex-senador na época em que a Casa Branca ainda era um sonho, é
plausível imaginar a decepção do presidente americano com a demora em conseguir
cumprir a própria promessa. Quando assumiu, havia 150 mil soldados no Iraque, e
o número veio decaindo até a última leva, de 40 mil. A retirada teria que se
feita em termos responsáveis, justificou Obama. Que seja uma vitória definitiva
do bom senso sobre a estupidez.</span><br />
<script src="http://www.google-analytics.com/urchin.js" type="text/javascript">
</script>
<script type="text/javascript">
_uacct = "UA-2979840-1";
urchinTracker();
</script><br />
<div style="text-align: right;">
<strong><span style="font-size: x-small;">Editorial do Jornal do Commercio, 5/1/2012.</span></strong></div>
<br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;"><em>Foto: Anja Niedringhaus/AP</em></span></div>Fábio Lucashttp://www.blogger.com/profile/12222883195666200654noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-34245611.post-38440290132116926032012-01-04T14:51:00.000-02:002012-01-04T14:51:30.322-02:00A pauta dos vereadores<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTzgv4Deg-JMHDiZXrhQ2lPXcg3L063ABY_GZb4MDkTRNgM9hAa5g2JJhiTRLt17wgpbjywUBqEVEwwZ20zoBA0sVJ-z_hvsA5gsjSW04mGLm7GQVQ8TZaD9HVarLEqEg-d4DG/s1600/camara_do_recife.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTzgv4Deg-JMHDiZXrhQ2lPXcg3L063ABY_GZb4MDkTRNgM9hAa5g2JJhiTRLt17wgpbjywUBqEVEwwZ20zoBA0sVJ-z_hvsA5gsjSW04mGLm7GQVQ8TZaD9HVarLEqEg-d4DG/s1600/camara_do_recife.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<em>O direito à informação pelos cidadãos é tão constitucional </em></div>
<div style="text-align: center;">
<em>quanto o aumento de salário dos parlamentares</em></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Era tão certa a polêmica, que a direção da Câmara escolheu
votar e aprovar o aumento salarial de 62% para os parlamentares da próxima
legislatura, a partir de 2013, nos estertores de dezembro, a um passo do
recesso, na esperança de ficar a muitos passos da reprovação pública. Mas em
tempos de redes sociais, o tiro de esperteza pode ter saído pela culatra. Ainda
que o cálculo do desgaste tenha levado em conta o calendário de festas e de
férias para minimizar a chiadeira, a reação nos meios de comunicação –
incluindo a internet – elevou o tom da indignação acumulada, apenas alguns dias
depois do escandaloso auxílio-moradia retroativo dos deputados estaduais vir à
tona.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Nos dois casos, sobressai o distanciamento da transparência
e da firmeza na defesa de posições, quando se trata de interesses particulares
embutidos no interesse de grupo. Os poucos que se manifestam apelam para a
legalidade do recebimento dos recursos, parecendo fazer-se de surdos perante o
grito dos que reclamam. A controvérsia do legal acima do moral é antiga, e não
conduz a lugar algum, além do beco sem saída da decepção e do desencanto que
joga os políticos num mesmo saco de baixa valia. Nesta perspectiva, o espírito
corporativo na política é tão daninho quanto em outras atividades, com o
agravante de bater de frente com o interesse coletivo, o qual suas excelências
são pagas para servir em primeiro lugar. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Se o aumento de salário de cerca de R$ 9 mil para R$ 15 mil
é legítima e democrática, como qualificou o vereador e ex-presidente da Câmara,
Múcio Magalhães, por que proceder à sombra, sem trazer os números e a
justificativa de maneira franca e honesta para o conhecimento e manifestação da
população? Democracia à sombra lembra autoritarismo, configura prática
obscurantista que em nada honra a tradição da política pernambucana. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Enquanto a Lei Orgânica do Município assegura aos vereadores
o direito de fazer jus à remuneração de até 75% do que ganham os deputados
estaduais, o cidadão comum tem o direito de opinar sobre a questão, inclusive
opondo argumentos ao reajuste salarial máximo, no limite do teto. Aliás, o
direito à informação é tão constitucional quanto o aumento máximo de salário
possível dos parlamentares, e um não deveria prevalecer ao outro. É por isso
que a indignação crescente tem gerado ampla repercussão, até com
abaixo-assinado virtual em favor da anulação da medida. Em dois dias de circulação
nas redes sociais, o documento ultrapassou a marca de cinco mil nomes, e deve
ser encaminhado nos próximos dias para o Ministério Público. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Apesar da repercussão negativa e do equívoco indefensável da
manobra dos vereadores, é preciso separar a função do Parlamento de eventuais
descaminhos trilhados por seus momentâneos integrantes, como ressalvou o
cientista político Michel Zaidan, na última quarta-feira, em entrevista a Aldo
Vilela na rádio CBN. Quem sabe, no retorno ao trabalho, a pauta da cidade volte
à pauta da Câmara, para que o salário de detentores do voto não abra o ano
eleitoral como motivo de generalizada descrença.<o:p></o:p></div>
<br />
<div style="text-align: right;">
<script src="https://plus.google.com/_/apps-static/_/js/widget/googleapis_client,plusone,gcm_ppb/rt=j/ver=OuYn9EasrBk.pt_BR./sv=1/am=!itqi7GDL5S6I4GqN1g/d=0/">
</script><script src="http://www.google-analytics.com/urchin.js" type="text/javascript">
</script>
<script type="text/javascript">
_uacct = "UA-2979840-1";
urchinTracker();
</script><span style="font-size: x-small;"><strong>Editorial do Jornal do Commercio, 04/01/2012.</strong></span></div>
<br />
<div style="text-align: right;">
<em><span style="font-size: x-small;">Foto: Roberto Pereira/D.A Press</span></em></div>Fábio Lucashttp://www.blogger.com/profile/12222883195666200654noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-34245611.post-86785817792683520772012-01-01T20:30:00.004-02:002012-01-01T20:34:16.598-02:00Entre dois tempos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiP_V1N9vHw5prSZOaDLoUCozk0cX_D6WhZtpRhkd1ZqGFn9PUjl8uuxggb0urtgJaLkunb9A7GmZ-KVMU3hnReuYOHlvZaBN4jmjzx3WdChVu3kPwt3QeRgz2idNOOu-zMK8E7/s1600/reveillon2011.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="239" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiP_V1N9vHw5prSZOaDLoUCozk0cX_D6WhZtpRhkd1ZqGFn9PUjl8uuxggb0urtgJaLkunb9A7GmZ-KVMU3hnReuYOHlvZaBN4jmjzx3WdChVu3kPwt3QeRgz2idNOOu-zMK8E7/s320/reveillon2011.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br />
<em>Fim da contagem regressiva em Londres</em></div>
<br />
<script src="http://www.google-analytics.com/urchin.js" type="text/javascript">
</script>
<script type="text/javascript">
_uacct = "UA-2979840-1";
urchinTracker();
</script>
<br />
No último dia do ano, a celebração reúne o passado e o
futuro. O possível se torna visível, o horizonte se torna maior em sua
aproximação máxima, delineando os contornos do desejo sem traços de dúvida. Caminhos
cruzados e eventuais percalços vão para a sombra da memória, enquanto a
imaginação providencia a queima de fogos para iluminar os próximos passos, de
percurso nítido e evidente.<o:p></o:p><br />
<br />No primeiro dia do ano, a ressaca separa o futuro e o
passado. Toda possibilidade volta à invisibilidade, retomando a condição de
potência não realizada. O horizonte se afasta outra vez, levando o que parecia
definido, devolvendo a suspeita sobre o que se esconde invariavelmente a
seguir. <o:p></o:p><br />
<br />A sensação do futuro trespassado – consumado ou esfumaçado
pelo presente – é contraditória: ao invés da novidade, o que se foi é o que se
apresenta, reativado pela travessia da fronteira entre dois tempos.<o:p></o:p><br />
<br />Antes da contagem regressiva, olhares brilham a espreita de
qualquer surpresa. É quando o sonho encontra os olhos abertos e aproveita. Com
a primazia da visão na fronteira temporal, a vitória, a beleza ou a redenção
sonhadas aparecem com avidez. A certeza de que tudo está para mudar embala a
espera, em ritmo de vigília por um nascimento.<o:p></o:p><br />
<br />Depois dos abraços e das lágrimas, dos gritos e das
explosões que iluminam a meia-noite, a surpresa se dissipa como a pólvora ao
vento. A certeza de que tudo estava para mudar, de repente silencia. E as
ilusões desenhadas no entre-tempo do Ano Novo regressam ao ventre do céu
noturno. O futuro foi lançado mais a frente, está mais distante, agora que um
ano ficou para trás. <o:p></o:p><br />
<br />
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;"><em>Foto: Reuters.</em></span></div>Fábio Lucashttp://www.blogger.com/profile/12222883195666200654noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-34245611.post-37861353416386404392011-12-27T15:33:00.000-02:002011-12-27T15:33:24.119-02:00Auxílio escandaloso<script src="http://www.google-analytics.com/urchin.js" type="text/javascript">
</script>
<script type="text/javascript">
_uacct = "UA-2979840-1";
urchinTracker();
</script><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgS1AkeudErsdq41A-O_lzr9bGqBRTmeSTw73yW2Y8p64nK_67NBEGQcZawaxFTt8foHPgr2p5qzBaXU_Zz8pzR8whhASLd9fAndgN9f0LIUjlxCJcHqkM4coXHq1ZR27Htor2D/s1600/Brasilia-Os-Candangos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="209" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgS1AkeudErsdq41A-O_lzr9bGqBRTmeSTw73yW2Y8p64nK_67NBEGQcZawaxFTt8foHPgr2p5qzBaXU_Zz8pzR8whhASLd9fAndgN9f0LIUjlxCJcHqkM4coXHq1ZR27Htor2D/s320/Brasilia-Os-Candangos.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<em>Monumento na Praça dos Três Poderes, em Brasília</em></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
O ano político pernambucano terminou com uma bomba de origem
retroativa e potencial efeito sobre as eleições municipais. Parece uma
aberração, tamanha a dimensão do absurdo: deputados e ex-deputados estaduais
estão recebendo parcelas de dinheiro referentes a um “auxílio-moradia” a que
supostamente fariam jus, no mandato compreendido entre os anos de 1995 e 1998,
mesmo morando na capital. A lista de beneficiados é extensa e conta com
expoentes dos principais partidos, inclusive dois pré-candidatos bem colocados
nas pesquisas de intenção de voto para a disputa majoritária no ano que vem,
como divulgou o blog Acerto de Contas, primeiro a levantar o tapete da triste
história.<o:p></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
A vantagem financeira extra já vem sendo paga há três meses,
o que significa que nenhum deles pode alegar que não sabia do que se tratava.
Se alguém alegar, vai soar no mínimo estranho. Serão 36 parcelas que podem
somar R$ 354 mil para cada um, ou até mais. A naturalidade esboçada em algumas
reações é sintomática de pelo menos duas graves distorções, que afastam o senso
comum do exercício do poder e atiram no lixo o conceito dos políticos.<o:p></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
A primeira seria o descaso com a opinião pública, como se
não fizesse qualquer diferença mais uma notícia “caluniosa” nos jornais. A
segunda seria o indício do mau hábito nacional, de lidar com o dinheiro do
contribuinte ao bel prazer, desprezando as imensas necessidades coletivas que
se acumulam em detrimento da cobiça pessoal ou em favor de projetos
partidários. “É uma esculhambação. Um deboche que depõe contra a imagem do
Legislativo”, definiu em entrevista ao JC o deputado Paulo Rubem, que não
aceitou o acréscimo.<o:p></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
A Assembleia Legislativa divulgou nota oficial para
justificar a distribuição de benesses respaldada na lei de isonomia salarial
entre os Poderes. No entanto, o véu da legalidade não esconde o abuso e a
indignidade de um fato merecedor da repulsa da sociedade. Da parte da
instituição parlamentar estadual, é lamentável que a Casa de notável tradição e
tantos serviços prestados a Pernambuco considere o repasse de recursos desta
natureza com isenção de questionamento. <o:p></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Depois do famigerado “auxílio-paletó” e das suspeitas
subvenções a entidades filantrópicas de fachada, a Assembleia deveria ter
entendido que a população não tolera a falta de transparência e o abuso na
gestão dos recursos. Por outro lado, da parte dos nomes envolvidos, além de
lamentável, o recebimento do dinheiro extra a título de auxílio-moradia
configura uma atitude imoral – e para o cidadão comum, decepcionante. A OAB
encaminhou à Assembleia pedido de informação sobre o caso, e promete acompanhar
de perto seus desdobramentos.<o:p></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Como ressaltou a colunista do JC, Sheila Borges, “o que se
espera de homens públicos são bons exemplos”. O auxílio-moradia retroativo, na
linguagem popular mais uma “mamata”, dificilmente é inspirador de boas
práticas. Trata-se de uma chacota com a honestidade que teima em vigorar no País,
onde a ética do dinheiro fácil vai se tornando a cada dia menos surpreendente. O
estarrecedor se dilui no que há de deprimente no episódio, atirando às costas
dos eleitores a responsabilidade pelo futuro.<o:p></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
O pior é que o auxílio escandaloso nivela por baixo a elite
detentora de altos cargos no serviço público nacional. Nos últimos anos,
integrantes dos três poderes têm se esforçado para se superar nos privilégios
que se concedem, em mútua anuência, aprofundando, sem qualquer desfaçatez, o
poço da desigualdade que cerca a sexta economia do mundo.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: right;">
<em>Foto: Oliver Ross/www.chocolate-fish.net<o:p></o:p></em></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>Fábio Lucashttp://www.blogger.com/profile/12222883195666200654noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-34245611.post-69519034968828047722011-11-23T18:57:00.001-02:002011-11-23T19:00:40.586-02:00Natalie e a imagem da beleza<script src="http://www.google-analytics.com/urchin.js" type="text/javascript">
</script>
<script type="text/javascript">
_uacct = "UA-2979840-1";
urchinTracker();
</script><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwZCAPeNoQjfmhuKFOHevJpR7GCEY6RPv0-40ntRHc7mSRXZvGyg53TJroZlmg6pAbwic-waqbqOzvpT7poTqnIl1AEcP4NDfGJMreVCDaJqv9m9OarI42BkzODTGFSiG0gIlP/s1600/32645-natalie_wood.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwZCAPeNoQjfmhuKFOHevJpR7GCEY6RPv0-40ntRHc7mSRXZvGyg53TJroZlmg6pAbwic-waqbqOzvpT7poTqnIl1AEcP4NDfGJMreVCDaJqv9m9OarI42BkzODTGFSiG0gIlP/s320/32645-natalie_wood.jpg" width="216" /></a></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><em>Toda beleza é
momentânea, desafia o instante, </em></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><em>insinuando a duração utópica que desponta no belo</em></span></div>
<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Dias atrás, a notícia de reabertura das investigações sobre
sua morte ganhou destaque na internet, na TV e nos jornais do mundo inteiro.
Assim, trinta anos depois de deixar-nos, sua lembrança meiga mais uma vez nos
arrebatou. O retorno à mídia provocou uma avalanche de acessos e exibições de
poses regatadas. O brilho de Natalie Wood estava de volta. Uma multidão de
olhares foi atraída pela imagem desaparecida há tanto tempo, como se algo de
eterno pudesse, através dela, ser vislumbrado. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Pena que a imagem recuperada não recupera a beleza perdida,
assim como a atriz que salta do baú midiático não pode ser devolvida ao
convívio de fãs, dos amigos e da família. Reforçando a afirmação proustiana de
que a beleza das criaturas humanas é diferente da beleza das coisas, o retorno
de Natalie Wood às telas e às manchetes também serviu para ressaltar que a
imagem da beleza é a beleza imaginada. Foi por via da imaginação ideal da forma
feminina, ainda encontrada nela, que bastou se atiçar a memória do público – e a
curiosidade dos que não a tinham visto antes – para que emergisse facilmente a
admiração recordada de sua graça. Um encanto antigo, reaceso, um deslumbramento
coletivo, mediado e multiplicado, repartido feito pão aos famintos do belo.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Decerto o motivo do reencontro desperta a nostalgia em torno
da estrela de Holywood. E quem sabe a nostalgia de uma época mais simples, em
que a aparência ideal não sumisse num emaranhado de máscaras – e faces tão
preparadas que parecem mascaradas, ansiosas, à espreita de luz e atenção. Mesmo
que ambas, quando cheguem, raramente primem pela permanência.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Apesar da ilusão, o fato é que nem as deusas do cinema
recebem o dom da beleza eterna. Toda beleza é momentânea, desafia o instante,
insinuando a duração utópica que desponta no belo. Tentar reprisá-la é tentar
reeditar o instante que ficou para trás. Por sua vez, a mimetização imagética
recorre à união da memória com a imaginação, à melhor maneira platônica.
Novamente Marcel Proust: a beleza não é senão uma série de hipóteses.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Acreditamos hoje que Natalie Wood era linda, e dificilmente
pensaremos o contrário ao mirar suas fotos e seus filmes. Mas a beleza da
imagem está menos no que revela, e mais no que sugere. A beleza que está além
da imagem – e se inscreve no campo de visão de uma verdade que se oferece –
compartilha o alcance dos olhos com o desfrute do tempo vivido. O que é algo,
por enquanto, impossível de reproduzir.<o:p></o:p></div>Fábio Lucashttp://www.blogger.com/profile/12222883195666200654noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-34245611.post-78147230125880585122011-11-10T23:28:00.001-02:002011-11-10T23:34:21.082-02:00O pulso e o olhar<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuSIwrkmxxoIsgVCSd8cstndN9Yxibu-RjbuNcjLsPVQEV7Gcq-G8WkGIsFFpXN63FX4A-fHuo-cfwUpgyAS1PAuwTbVK6YPEo28nuOUN9qfDJP26Mhci9WnU0bg5x5cqlXKu1/s1600/InTime-arm-365.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="161" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuSIwrkmxxoIsgVCSd8cstndN9Yxibu-RjbuNcjLsPVQEV7Gcq-G8WkGIsFFpXN63FX4A-fHuo-cfwUpgyAS1PAuwTbVK6YPEo28nuOUN9qfDJP26Mhci9WnU0bg5x5cqlXKu1/s320/InTime-arm-365.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><em>Toda contagem do
tempo é contagem regressiva </em></span></div>
<br />
<br />
<script src="http://www.google-analytics.com/urchin.js" type="text/javascript">
</script>
<script type="text/javascript">
_uacct = "UA-2979840-1";
urchinTracker();
</script><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjgRH7NbLubqBwFWA5ASHfshHPjP09Qwg6DDfJBtfewAL7CEtjyhZJuJ_Zob7Lr0kEtLm2-ctxqlpghVBOTNB6K7gbaKNHsOVhdCP3wo1dX_AvyogRJXdJGSiWJ6G1PjqNx0h-/s1600/in-time-211511l.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="199" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjgRH7NbLubqBwFWA5ASHfshHPjP09Qwg6DDfJBtfewAL7CEtjyhZJuJ_Zob7Lr0kEtLm2-ctxqlpghVBOTNB6K7gbaKNHsOVhdCP3wo1dX_AvyogRJXdJGSiWJ6G1PjqNx0h-/s320/in-time-211511l.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
É como algo “desperdiçado, dissipado suavemente”, que ela
goza do muito tempo que tem. O desperdício suave que se dissipa – imagem de
Hermann Hesse em “O lobo da estepe” – revela a culpa de quem gasta o que não se
acha no direito de possuir. Para expiar o pecado sem perdão, deixa o tempo
exagerado em sua carne escorrer sem pena entre as mãos. E mesmo assim não se desata
da impressão de que o futuro é um local distante, para onde, por mais que
corra, irá demorar a chegar.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Olha para o pulso – do tempo contado, acumulado e perdido...
toda contagem do tempo é contagem regressiva – e imagina o próximo perigo: a
duração prolonga a ansiedade e o tédio, e os renova sempre que ela fita os
números girando no braço, na corrente eterna sob a pele. A liberdade, se
existe, é fora do tempo, pensa, enquanto antevê o minuto seguinte, a semana que
vem, o ano adiante.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Todo indivíduo é um relógio diferente... então como o tempo
poderia nos fazer iguais? Ela queria viver num mundo em que se partilhasse o
tempo comum, e fosse dispensado o conceito utópico da eternidade. O que é
eterno, além da prisão do tempo? Sair dessa prisão seria sair da ideia,
subitamente inútil, do infinito temporal. Sem a medida, que restaria do que se
mede?<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Ela aposta que o que sobra é a poesia sem escala,
inconsumida, como o vazio incompreendido entre as estrelas, o vácuo entre
astros que se atraem. Quanto tempo dura um olhar? Como se conta o instante
relembrado inúmeras vezes, retocado pela memória e incorporado à imaginação –
que não se rende à contagem comum, ao cerceamento ilusório do grilhão
inexistente?<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
É preciso vencer a ilusão. Ela decide estancar o tempo,
deter o império da cronocracia. Tomar o poder do tempo, assaltar os seus
bancos, desafiar os mesquinhos guarda-costas, arrombar os cofres cheios de
tempo sem uso... e distribuir tudo para os sem-tempo, os pobres-coitados que
esmolam por horas velozes e dias curtos, que logo se vão.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-size: x-small;"><strong>O preço do amanhã</strong> (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">In
time</i>, EUA, 2011)<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-size: x-small;">
<em>Direção:</em> Andrew Niccol.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-size: x-small;">
Com Olivia Wilde, Amanda Seyfried e Justin Timberlake.<o:p></o:p></span><br />
<br />Fábio Lucashttp://www.blogger.com/profile/12222883195666200654noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-34245611.post-14381045100859304622011-11-05T12:55:00.001-02:002011-11-05T12:55:35.427-02:00Fertilidade do caos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEho7BOikVSTikulYKbOwfSF2e6oB6j60QqnIsujrDbWpu6TZBst70t8dui6RHukhX9_Gihag3f6dHhvGrtk9j_1vIfEWQQUkU5A8UcJghGTCrVXV62e1tZwkZsEfOQFvemyMeaR/s1600/photo-Ces-Amours-la-2009-11.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEho7BOikVSTikulYKbOwfSF2e6oB6j60QqnIsujrDbWpu6TZBst70t8dui6RHukhX9_Gihag3f6dHhvGrtk9j_1vIfEWQQUkU5A8UcJghGTCrVXV62e1tZwkZsEfOQFvemyMeaR/s320/photo-Ces-Amours-la-2009-11.jpg" width="213" /></a></div>
<br />
<div align="center">
<br /></div>
<div align="center">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt;">O caos não suspende a
ação por causa de uma entre outras ordens possíveis<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center">
</div>
<br />
<script src="http://www.google-analytics.com/urchin.js" type="text/javascript">
</script>
<script type="text/javascript">
_uacct = "UA-2979840-1";
urchinTracker();
</script>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">A paixão
ganha razões elementares no contraste com a privação dos prazeres, a dor
prolongada e a perspectiva de morte prematura que fazem da guerra o cenário
perfeito para a celebração da vida.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">E a razão
ganha argumentos apaixonantes diante do quadro desolador, do desespero reinante
e das ruínas que nascem por todos os lugares em que a esperança se defronta com
a destruição e a perda.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">É do realismo
chocante que brotam as raízes do delírio. É da brutalidade que se oferece com
insistência à vista que a ternura se impõe necessária. É da penitência
generalizada pelo terror que o perdão aparece sem esforço.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">A culpa se
espalha na poeira da devastação. Escombros e cicatrizes, todavia, não ficam
totalmente para trás. O caminho também se faz do tropeço em escombros, e há
feridas reabertas no menor passo adiante.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Pode demorar
até que a redenção traga a reboque a coincidência entre o romance e a paz, unindo
a liberdade de fora com a de dentro, selando o encontro do luto com um novo
caminho, que surge surpreendente, confortante, sem explicação.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Sim, o caos
cria mundos, novos sentidos, e até recupera antigos – mas o perigo da
fertilidade caótica é que ela pode continuar indefinidamente. O caos não
suspende a ação por causa de uma entre outras ordens possíveis. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">O caos não
para de semear e matar, como guerra sem origem sabida, nem desfecho previsível.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-size: x-small;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Esses amores</span></b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ces
amours-là</i>, França, 2010) <o:p></o:p></span></span></div>
<span style="font-size: x-small;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Direção:</span></i><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> Claude Lelouch<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="font-size: x-small;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Com </span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Audrey Dana
e Dominique Pinon.<o:p></o:p></span></span><br />Fábio Lucashttp://www.blogger.com/profile/12222883195666200654noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-34245611.post-86777571547408823252011-09-06T00:35:00.002-02:002011-09-06T00:39:09.766-02:00A eternidade suspensa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjn9KPLRqLzQY9_7XrF3d4bcJ7Eh4NGrl4wxvmLKAD9Hz9zvJtwzKYxZ7g8vK_5LfFaNSSPlIpFVWkTLgnWhRsrGjEnP6SMckcyMWzWw_C8sTbnXgVJuXR768NInKAbBM95ufDf/s1600/Melancholia-28Abr2011-01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="176" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjn9KPLRqLzQY9_7XrF3d4bcJ7Eh4NGrl4wxvmLKAD9Hz9zvJtwzKYxZ7g8vK_5LfFaNSSPlIpFVWkTLgnWhRsrGjEnP6SMckcyMWzWw_C8sTbnXgVJuXR768NInKAbBM95ufDf/s320/Melancholia-28Abr2011-01.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br /><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">O tempo passa tão devagar que é como se não houvesse tempo, ou como se a sua percepção fosse tão limpa, como se fosse o tempo sólido, visível, envolvendo as coisas diante dos olhos, cada instante preso no olhar de um tempo em pura distensão.</span><br />
<br /><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Mas do fundo da visão cristalina não sai a vertigem do fim de tudo, que se sabe e se esconde desde o começo. Feita permanente, a vertigem não assusta como antes. A presença do que não traz sentido provoca a sensação de vazio preenchido, e a vertigem passa a ser não mais o que se teme enxergar, e sim, um modo cego de observar o mundo.</span><br />
<br /><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">A velocidade transitória é retirada. A paralisia mobiliza os músculos, como se o corpo tomasse consciência da mente. A estupidez transitória é retirada, sobrando o estupor da razão ausente.</span><br />
<br /><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">E o que se eternizava, sob a confiança monótona dos dias ligeiros e das horas intermináveis, dos segundos inapreensíveis e dos anos mal recordados, o que se eternizava em hábitos, credos e ritos dirigidos à eternidade, se despedaça.</span> <br />
<br /><br />
<span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><strong>Melancolia </strong>(2011)</span></span><br />
<span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><em>Direção:</em> Lars von Trier</span></span><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: x-small;">Com Kirsten Dunst e Kiefer Sutherland.</span><br />
<br />
<script src="http://www.google-analytics.com/urchin.js" type="text/javascript">
</script>
<script type="text/javascript">
_uacct = "UA-2979840-1";
urchinTracker();
</script>Fábio Lucashttp://www.blogger.com/profile/12222883195666200654noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-34245611.post-55485860206095072742011-05-20T01:25:00.001-02:002011-05-20T01:26:40.587-02:00De porta em porta<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVjqsdWyX08FZlV4DbofAPrugkkzfa-P7mH9kTRka9JSqrhCyjaCsddz6AFoLtS5mdeQEGe5rz-7-9xQFnrx3uk0K9no9mEOBjHb27Q0gULOWzg94K8BvOJHJJkgMCLNLrIZkL/s1600/emily_blunt_agentes_destino.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="192" j8="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVjqsdWyX08FZlV4DbofAPrugkkzfa-P7mH9kTRka9JSqrhCyjaCsddz6AFoLtS5mdeQEGe5rz-7-9xQFnrx3uk0K9no9mEOBjHb27Q0gULOWzg94K8BvOJHJJkgMCLNLrIZkL/s320/emily_blunt_agentes_destino.jpg" width="320" /></a></div><br />
<div style="text-align: center;"><em>O idealismo romântico despreza a natureza do ser</em></div><br />
<br />
É uma noção recorrente a de que um plano superior estabelece as coordenadas que seguimos em nossas vidas, quer entremos por uma porta ou por outra, como se houvesse sempre uma explicação convincente para erros e acertos pelo caminho. E assim confundimos vontade e necessidade, acaso e determinação, o começo de uma jornada com seu imprevisível final.<br />
<br />
Destino é aquilo que se conta retroativamente, mas pode ser confortante pensar que tudo está definido, escrito em algum caderno psicodélico, quiçá rabiscado pelas estrelas na hora do nascimento, previsto por algum oráculo morto muitos anos atrás. <br />
<br />
Da mesma forma, imaginar sujeitos magníficos escolhidos para um dado curso especial na história do mundo, capazes de guiar a maioria desorientada, é um mecanismo propulsor de enganos, perpetuados rigorosamente pelas doutrinas da salvação. O líder é ungido tanto por um poder invisível, que representa, quanto pelo desejo das massas, que nele crê. O messianismo, por outro lado, se exercita na esperança de que tudo mudará... esperança esfumaçada tão logo a profecia se realize e precise, com urgência, ser substituída.<br />
<br />
No carrossel das cartas marcadas, a tradição romântica acompanha o novelo de relações impossíveis que se descobrem, por isso mesmo, inevitáveis, girando da improbabilidade para o grau de possibilidade máximo. Um casal verdadeiro é aquele predestinado, de preferência rodeado de circunstâncias que reforcem o impacto da ordem longínqua no aparente caos das ligações humanas. <br />
<br />
O amor, neste cenário montado para uma performance esperada, surge não como surpresa, não como espanto, não como encanto que subverte a montagem estabelecida. O que se reconhece no outro – a imagem de si – reflete um brilho de eternidade que só pode ser visto no espelho das histórias controladas desde a origem, imunes à ação deletéria do tempo e amparadas em firmes convicções.<br />
<br />
A felicidade ideal dos contos em que o romantismo domina, vinga e vence, esconde delimitações arbitrárias que desprezam a natureza do ser, lançado ao risco e às variações da existência desde o nascimento, impelido assustadoramente ao idêntico desfecho de toda matéria no universo: decaindo e se decompondo para se recompor adiante, à mercê de um relojoeiro cego (na imagem criada por Richard Dawkins para a evolução).<br />
<br />
O determinismo que se espalha em tantas direções faz de conta que existe sempre a porta certa, a pessoa certa, a carreira certa, a hora certa. Mesmo que haja, só se sabe olhando para trás. Enquanto o tempo consome e é consumido em nossa pequena cadeia de acontecimentos, o fato é que as portas não cessarão de se mostrar, uma atrás da outra, chamando para o destino que nunca está lá. <br />
<br />
<br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><strong>Os agentes do destino</strong> (<em>The adjustment bureau</em>, EUA, 2011)</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Direção: George Nolfi</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Com Matt Damon e Emily Blunt.</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-size: x-small;"><em>Baseado em conto de Philip K. Dick.</em></span><br />
<br />
<script src="http://www.google-analytics.com/urchin.js" type="text/javascript">
</script><script type="text/javascript">
_uacct = "UA-2979840-1";
urchinTracker();
</script>Fábio Lucashttp://www.blogger.com/profile/12222883195666200654noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-34245611.post-64450417885376114622011-03-05T23:51:00.001-02:002011-03-05T23:52:37.189-02:00Espelho d'água<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqnKDoaSNYXWX_ZmdJstO8kk4VVeh58M_8yc9OGJ1LQ5xkz-JArzzbK8BmCsh8yO2RvQrlhgMdFyI4p8Et1OCP5sVsGl4S0jyKodb23qTDBBWQAQqbILr_CSOsra39srgU2jT_/s1600/180471_10150188584474676_720994675_8943605_3617524_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="356" l6="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqnKDoaSNYXWX_ZmdJstO8kk4VVeh58M_8yc9OGJ1LQ5xkz-JArzzbK8BmCsh8yO2RvQrlhgMdFyI4p8Et1OCP5sVsGl4S0jyKodb23qTDBBWQAQqbILr_CSOsra39srgU2jT_/s400/180471_10150188584474676_720994675_8943605_3617524_n.jpg" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div>Mesmo de olhos fechados o que é visto é o intocado.<br />
<br />
O corpo enxerga tão perto que pode não enxergar nada.<br />
<br />
A imagem do tato e a da retina se cruzam, num mergulho em água cristalina.<br />
<br />
Porque são mundos distintos, o corpo e a visão.<br />
<br />
<br />
<br />
O que a gente vê no espelho espanta.<br />
<br />
Quanto mais luz pior. O espelho parece mentir menos na penumbra.<br />
<br />
O corpo faz outra imagem de si, enquanto a vista compõe a face do mundo.<br />
<br />
De uma janela do corpo, o que não é corpo se forma. <br />
<br />
<br />
<br />
A visão de dentro se afasta no exterior sumidouro.<br />
<br />
Mantemos o rosto fora da água.<br />
<br />
No limiar que separa da consciência o real.<br />
<br />
O corpo está imerso no sonho, ou o sonho diante do olhar?<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-small;"><em>Foto de <strong>Toni Frissell</strong>, no álbum de <a href="http://www.facebook.com/#!/photo.php?fbid=10150188584474676&set=a.10150185037024676.365740.720994675&theater">Juliana Lombardi</a>.</em></span><br />
<br />
<script src="http://www.google-analytics.com/urchin.js" type="text/javascript">
</script><script type="text/javascript">
_uacct = "UA-2979840-1";
urchinTracker();
</script>Fábio Lucashttp://www.blogger.com/profile/12222883195666200654noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-34245611.post-82694714382951218182011-02-21T19:20:00.001-02:002011-02-21T19:21:37.873-02:00O desfrute da droga amorosa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiew2qSa_urcZ6PUAlZ1Uj6ookuZEzv-d_EgYlMRln-dqexpjNy3c9RZhKG98PhEduQbkVR1ZdLjcjiaXk0ghX0n9l3_IE_2oujTMZImuZ0I3soiPs9VXVjzZdbOLC6R-xIqTWJ/s1600/love-other-drugs-anne-hathaway-jake-gyllenhaal2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" j6="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiew2qSa_urcZ6PUAlZ1Uj6ookuZEzv-d_EgYlMRln-dqexpjNy3c9RZhKG98PhEduQbkVR1ZdLjcjiaXk0ghX0n9l3_IE_2oujTMZImuZ0I3soiPs9VXVjzZdbOLC6R-xIqTWJ/s320/love-other-drugs-anne-hathaway-jake-gyllenhaal2.jpg" width="320" /></a></div><br />
<br />
Modo de estar ou de ser, a paixão parece mesmo uma substância aplicada no corpo, pronta para alterar o juízo... Muda a percepção de tudo. Como saber o que a razão recusa na inundação de um cérebro apaixonado? Como fugir da corrente que define o sentido de cada vão racional por onde passa? O que fazer para levar o pensamento a uma clareira onde se possa vê-lo por inteiro, onde o pensar não seja inútil?<br />
<br />
A paixão dita o seu curso até o último suspiro. Até a última gota da inundação química que paralisa o organismo em único propósito. Sem pausa para a lucidez, sem hiatos que sirvam de ilhas para os desesperos da reflexão.<br />
<br />
Se o medo insinua um atalho de volta, a sombra generosa da paixão ainda convida. O atalho teria sabor de renúncia. Que fique a razão à deriva, na rota de certa, ainda que breve, ventania.<br />
<br />
Abandonar a torrente de sensações, pra que? O horizonte é distante. O futuro continua o presente. O passado, ou é presente derramado, ou não é nada. A paixão é a grande explosão de significado, o nascimento que conta. A ordem cronológica se desfaz diante da desordem que importa.<br />
<br />
A derrocada da paixão enquanto cumpre o seu destino é imersão em sofrimento. A estupidez funciona como campo de energia de proteção contra a intrusão da dor. A paixão é uma estupidez necessária para a fruição da paixão. E o destino se cumpra, até o fim do prazer, durante a eternidade do encontro inaugurado com a mesma intensidade a todo apaixonante instante.<br />
<br />
O tempo da paixão não se esgota no temor de hipóteses de agonia, mas só começa a estancar no flagrante de entediante reprise. Quando a eternidade, ao invés de perpetuação de benévola dependência, começa a figurar como repeteco sem gosto. A paixão acaba quando dá certo, e o efeito do vício se esgota. Se der mais certo, é porque o amor aprende a se desvincular da própria droga.<br />
<br />
Como modo de estar, quase toda paixão tem hora marcada e prazo de validade. Como modo de ser, é distração cambiante, no desfrute intermitente do tsunami passional.<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-small;"><strong>O amor e outras drogas</strong> (<em>Love and other drugs</em>, EUA, 2010)</span><br />
<span style="font-size: x-small;"><em>Direção:</em> Edward Zwick</span><br />
<span style="font-size: x-small;">Com Anne Hathaway e Jake Gyllenhaal.</span><br />
<br />
<script src="http://www.google-analytics.com/urchin.js" type="text/javascript">
</script><script type="text/javascript">
_uacct = "UA-2979840-1";
urchinTracker();
</script>Fábio Lucashttp://www.blogger.com/profile/12222883195666200654noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-34245611.post-24207411736972368862011-01-22T16:36:00.001-02:002011-01-22T16:39:31.629-02:00Realidade seduzida<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqKYwthE48boyXJSa5OlqGAgkm5MBOV2A6_JuWDGV8M66gBht2kaDodCiLuhyphenhyphenth8EH3_djrCDmB4rurW22d9jukBDtqhpw4r3hhQi6Hbe1Pfior6t2s6-rOGYkQEbVhVhQCd9N/s1600/little_fockers_07-535x355.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" s5="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqKYwthE48boyXJSa5OlqGAgkm5MBOV2A6_JuWDGV8M66gBht2kaDodCiLuhyphenhyphenth8EH3_djrCDmB4rurW22d9jukBDtqhpw4r3hhQi6Hbe1Pfior6t2s6-rOGYkQEbVhVhQCd9N/s320/little_fockers_07-535x355.jpg" width="320" /></a></div><br />
<div style="text-align: center;"><em>Entre os motivos fáceis para gargalhar, um motivo fácil para sorrir. </em></div><br />
<br />
O papel é secundário, mas a presença rouba a cena quando a beleza aparece, despretensiosamente. Como se não fosse importante. Como se não mudasse o eixo das atenções, e não perturbasse o curso da narrativa. Como um silêncio que abre nova conversa, apresentando a justificativa para falar de outra coisa. Mesmo que não troque o assunto, ela impõe nova perspectiva, enquanto o pensamento vai cedendo espaço cada vez maior à contemplação: diante do belo, a expressão do posto aos olhos perde status para a expressão do susto...<br />
<br />
Uma participação pequena na trama não retira a impressão de permanência da personagem marcante. O inverso acontece com frequência. Para dar peso às aparições de poucas linhas, convidam-se nomes famosos para conferir charme aos instantes cruciais da história. Coadjuvantes de luxo dispensam explicações porque atraem a curiosidade do público. Ao alterar momentaneamente o foco, e descentrar o mundo dos protagonistas, indicam rumos alternativos, caminhos paralelos, e até raízes diferentes daquelas que supostamente conduzem o relato até ali. <br />
<br />
A realidade é transfigurada pela beleza a qualquer hora – ou pelo menos pode sê-lo, rendida à súbita ou repetida sedução. A realidade não resiste muito tempo, de toda forma, agarrando-se à beleza a fim de não naufragar em si mesma. Ou agarrando-se à possibilidade criada antes que ela desapareça.<br />
<br />
<br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: x-small;"><strong>Entrando numa fria com as crianças</strong> (<em>Little Fockers</em>, EUA, 2010)</span><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: x-small;"><em>Direção:</em> Paul Weitz.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: x-small;">Com Robert De Niro, Ben Stiller, Owen Wilson, Dustin Hoffman, Barbra Streisand e Jessica Alba.</span><br />
<span style="font-size: x-small;"><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"></span></span><br />
<script src="http://www.google-analytics.com/urchin.js" type="text/javascript">
</script><script type="text/javascript">
_uacct = "UA-2979840-1";
urchinTracker();
</script>Fábio Lucashttp://www.blogger.com/profile/12222883195666200654noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-34245611.post-28639202346935803862010-10-13T01:19:00.000-02:002010-10-13T01:19:21.121-02:00Bom é aproveitar<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi06487D4Xn_ip8K6lPGFRD0Rx0sjVmw-4HjYSA7KiwZefgJdE2cTxs6cIIKaEo-7YyBjQCjDJBhRUp-iSn-U3xLy7ML47GGw-RUx85bLEpnKNd0L_EK0QfgNfbSZPBNihYc8JP/s1600/comer_rezar_amar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" ex="true" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi06487D4Xn_ip8K6lPGFRD0Rx0sjVmw-4HjYSA7KiwZefgJdE2cTxs6cIIKaEo-7YyBjQCjDJBhRUp-iSn-U3xLy7ML47GGw-RUx85bLEpnKNd0L_EK0QfgNfbSZPBNihYc8JP/s320/comer_rezar_amar.jpg" width="320" /></a></div><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">Uma viagem que não se completa pode ser extenuante até o momento em que se percebe e se sente o gosto puro de viajar. Mesmo sem sair do lugar, já que não é sempre o corpo externo que necessita do movimento, da variação. </div><br />
<div style="text-align: justify;">Por isso o ensinamento inclui o sorriso do fígado: da alma do corpo que se retrai. A meditação não vale apenas para a mente aquietar-se. Vale para o corpo inteiro sair do declive e achar a justa velocidade no percurso que não tem volta.</div><br />
<div style="text-align: justify;">O equilíbrio humano é sutil e enganoso. Há quem se equilibre no alto do abismo, há quem prefira a segurança de ondas na beira do mar. O engano está em supor o equilíbrio seguro, ou tomar uma zona de conforto pelo equilíbrio final. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Escapar do conforto é uma busca clássica, no entanto, que também não garante a jornada tranquila... Estar em constante fuga, e em eterna manutenção, é próprio do homem - da insatisfação do ser que não se cansa de estar atrás de si mesmo, de experimentar os prazeres, as dores, os traumas e alegrias de uma travessia que é feita, de uma forma ou de outra. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Através do tempo, e de cada um, caminhos se formam e se cruzam, aqui ou em outro lugar. E à semelhança do desbravamento de mundos e do deslumbre de novas paisagens, o primeiro passo é pedido a quem quiser aventurar-se no vasto repertório de imagens, direções, paladares e transcendentes ligações possíveis durante toda a viagem - que todos querem, mas nem todos sabemos ou podemos aproveitar.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><strong>Comer rezar amar</strong> (<em>Eat pray love</em>, EUA, 2010)</span></div><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><em>Direção:</em> Ryan Murphy</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Com Julia Roberts e Javier Bardem.</span>Fábio Lucashttp://www.blogger.com/profile/12222883195666200654noreply@blogger.com0