Uma cultura alienígena desconhecida, que modifica tudo por
onde passa, espreita o território ocupado por outra, que tira a subsistência do
ambiente sem transformá-lo drasticamente. Os alienígenas aproximam-se do
habitat dos nativos com a adrenalina em carga máxima. O coração dos aliens
dispara ao primeiro contato com os gritos animalescos que denunciam a presença
nativa. Uma torrente de medo e excitação percorre a circulação sanguínea dos
visitantes, que se tomam por conquistadores de um pedaço de planeta virgem,
isolado como uma ilha que precisa ser anexada ao continente – mesmo que isso
seja logicamente impossível.
Os aliens vestem trajes pesados, inadequados para aquela
ilha distante. Estão deslocados mas agem como se os perdidos fossem os outros.
Avançam sobre fronteiras que jamais pisaram como se os estrangeiros fossem os
outros.
Uma desproporção óbvia separa aqueles dois mundos. O
desconforto do primeiro encontro é mútuo. A desconfiança é quebrada pelo ímpeto
do alienígena conquistador, que quer a simpatia do conquistado antes de iniciar
a invasão definitiva. Badulaques e bugigangas oferecidas em troca de confiança
estimulam a boa índole dos nativos – ou selvagens, como são chamados pelos
aliens.
A estranheza do contato permanece até o ponto do
arrependimento. O que era para ter sido deixado intacto se desmanchou ao toque
do olhar alheio. Dois universos não se misturam impunemente. E se havia algo
que morreu pra sempre, foi por que algum outro apareceu e matou.
Xingu (Brasil, 2011)
Direção: Cao Hamburguer
Com João Miguel, Felipe Camargo, Caio Blat e Maria Flor.