8.4.12

Os aliens do Xingu




Uma cultura alienígena desconhecida, que modifica tudo por onde passa, espreita o território ocupado por outra, que tira a subsistência do ambiente sem transformá-lo drasticamente. Os alienígenas aproximam-se do habitat dos nativos com a adrenalina em carga máxima. O coração dos aliens dispara ao primeiro contato com os gritos animalescos que denunciam a presença nativa. Uma torrente de medo e excitação percorre a circulação sanguínea dos visitantes, que se tomam por conquistadores de um pedaço de planeta virgem, isolado como uma ilha que precisa ser anexada ao continente – mesmo que isso seja logicamente impossível.

Os aliens vestem trajes pesados, inadequados para aquela ilha distante. Estão deslocados mas agem como se os perdidos fossem os outros. Avançam sobre fronteiras que jamais pisaram como se os estrangeiros fossem os outros.

Uma desproporção óbvia separa aqueles dois mundos. O desconforto do primeiro encontro é mútuo. A desconfiança é quebrada pelo ímpeto do alienígena conquistador, que quer a simpatia do conquistado antes de iniciar a invasão definitiva. Badulaques e bugigangas oferecidas em troca de confiança estimulam a boa índole dos nativos – ou selvagens, como são chamados pelos aliens.

A estranheza do contato permanece até o ponto do arrependimento. O que era para ter sido deixado intacto se desmanchou ao toque do olhar alheio. Dois universos não se misturam impunemente. E se havia algo que morreu pra sempre, foi por que algum outro apareceu e matou.


Xingu (Brasil, 2011)
Direção: Cao Hamburguer
Com João Miguel, Felipe Camargo, Caio Blat e Maria Flor.