27.10.09

História de conto de fadas




Vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro, "A vida dos outros" foi citado esta semana pela ex-ministra alemã Marianne Birthler, atualmente na Unicef e conselheira da Transparência Internacional.

Em entrevista à revista Istoé, Birhtler diz que o filme é uma obra de pura fantasia, pois não há evidências históricas que comprovem que um caso como o retratado tenha algum dia ocorrido.

Como todo o sucesso alcançado pela produção, de 2006, se baseia nessa vinculação realista com as práticas na Alemanha Oriental poucos anos antes da queda do Muro de Berlim, a declaração vale como alerta para os limites da licença poética, indicando que devemos sempre levar muito a sério, como premissa, a desvinculação entre a história roteirizada e o roteiro da história real.

Eis o trecho da entrevista em que o filme surge na conversa, em provocação direta da repórter Carina Rabelo:

ISTOÉ - O filme "A Vida dos Outros" (2006) mostra como um policial protegeu um investigado por consciência. Há algum paralelo com a realidade?

Marianne - O enredo do filme é um conto de fadas. Não temos notícia de oficiais da Stasi que protegeram pessoas espionadas. Isso nem teria sido possível, pois os colaboradores da Stasi também eram supervisionados. Na rotina da Stasi, todas as atividades descritas no filme eram separadas e executadas por colaboradores distintos, que nada sabiam um do outro e, muitas vezes, nem conheciam a finalidade da sua tarefa. O objetivo era impedir que uma pessoa soubesse demais ou pudesse pôr algo em movimento.

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