Entrelaces não se dão à primeira vista. Percorrem labirintos antes. Espirais infinitas vão e vêm. Invisíveis lentes ampliam o que mal aparece, e um relógio de areia restitui o tempo sem cessar. Em cima da cena, o esboço indefinido ganha contorno, eco bem repetido reforçando a orientação do sonar.
O foco da intuição percorre os detalhes atrás de informação conhecida, mesmo que nunca se tenha detectado igual aparência. O relógio de areia não dá trégua, embora pareça que o tempo não faça questão de passar.
Afinidades tropeçam nas fundações. Instabilidades ocultam os detalhes descobertos cedo, encobertos pela visão desviada. Quando é simples o que acontece, e algo se estabelece à revelia de mil perguntas, sua importância se envolve em beleza leve. O suave escolta o simples de importância sem gravidade. Se as perguntas desorientam, apagam a linha surgida, são dissipadas num sopro, retornam ao silêncio.
Se a compreensão do entrelace tem chance, é pela graça, pela poesia emanada que é fonte da atração descomplicada. No entrelace, a linha de luz vence a sombra, o simples toma o lugar da dúvida e alicerça a permanência da quietude.
Mas a quietude, se quer? Quando o desejo não se aquieta, aquilo que não se completa está disposto ao risco de outros laços e labirintos. Quando o medo não se quieta, aquilo que se completa não chega a ser desfrutado – e um precoce arrependimento recorda o eco antigo da inquietação que ficou.
Poucas e boas (Sweet and lowdown, EUA, 1999)
Direção: Woody Allen
Com Sean Penn, Samantha Morton e Uma Thurman.
Um comentário:
Oi Fábio! Como vai? Nossa! Seu blog é super bacana. Como vc escreve maravilhosamente bem! Confesso q fiquei empolgada. Quando puder, visita o meu. No orkut uso meu pseudônimo Sofia. Abraço.
http://sensiveissentidos.blogspot.com
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