12.9.06

O amor no tempo e no espaço


Em cartaz - Dentro da noção de que apaixonados se encerram num mundo próprio, desconectados do mundo real, está também o mito romântico de que o tempo some, paira suspenso, naqueles instantes mágicos da paixão que somente os enamorados conhecem. Mito, sim, porque apesar do arrebatamento real que parece arrancar os inebriados pelo outro da percepção temporal, a relatividade amorosa não evita o escoamento dos segundos e a passagem dos dias.

Mas isso tampouco implica que a ilusão não exista, e em sua vigência não se possa experimentar os efeitos do lapso da marcação dos relógios. E se quem ama pode esquecer o tempo, será que o tempo não pode dar um tempo aos inflamados corações apaixonados?

A Casa do Lago, com Sandra Bullock e Keanu Reeves, joga com as conhecidas variações de um romance no tempo e no espaço. O ponto de partida é um encontro simultâneo a um desencontro no tempo: duas pessoas moram no mesmo lugar, quase à mesma época, em anos ligeiramente diferentes – como se duas almas apaixonadas não pudessem ocupar um só lugar no espaço...

Com idas e vindas que remetem a artifícios comuns na ficção científica adepta das viagens no tempo, o filme também ingressa na onda da “filosofia quântica” atual (assista
Quem somos nós? e tire suas conclusões). A força da mente revigorada pelo verdadeiro amor subverte até as leis físicas, mesmo que não consiga se desprender do clichê de um final feliz. O custo é uma sensação de decepção – nada estranha, aliás, às relações românticas que se descobrem, não mais que de repente, paradas no tempo e no espaço.



A Casa do Lago
(The Lake House - EUA, 2006)
Direção: Alejandro Agresti
Com Sandra Bullock e Keanu Reeves

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